5. Aprendizagem Cooperativa

Percebe-se que o trabalho em grupos é essencial, mas também é preciso estabelecer a melhor performance nesta prática. As relações entre membros de um grupo foram objeto dos trabalhos acerca da interdependência social na primeira metade do século XX, realizados por Kurt Koffka, um dos fundadores da Psicologia da Gestalt. Ele destacou, em suas pesquisas, a variação nos níveis de interdependência entre os membros de grupos. Kurt Lewin, retomando as ideias de Koffka, procurou estabelecer relações entre a busca de objetivos comuns e a dinâmica que se estabelece entre os membros do grupo. Na continuidade desses estudos, Morton Deutsch, aluno de Lewin, formulou a Teoria da Interdependência Social, ampliada e aplicada por Johnson & Johnson (1998) na educação.

A premissa básica da Teoria da Interdependência Social é a de que o tipo de interdependência estruturada numa situação determina como os indivíduos interagem uns com os outros, o que por sua vez, determina os resultados.

Quando retomam os princípios da teoria de Deutsch, os autores Jonhson & Johnson (1998) destacam que, além da interdependência social – em que indivíduos compartilham objetivos comuns e cada contribuição individual é afetada pelas ações dos demais membros do grupo – podem nortear as relações de grupo a dependência social e a independência social. A dependência social se caracteriza pelo fato de que a participação de uma pessoa é afetada por outra pessoa, mas não vice-versa. Já na independência social, a participação dos indivíduos não é afetada pelos demais, o que produziria esforços individuais para a consecução de metas.

A interdependência, por sua vez, aspecto central dos postulados de Deutsch, pode ser a) positiva – na qual ocorre uma interação promotora, b) negativa – que induz uma interação negativa e c) inexistente - que resulta na ausência de interação.

Segundo Johnson & Johnson (1998), com base nessas categorias, a interdependência entre os membros de um grupo pode ocorrer em três estruturas sociais diferenciadas: cooperativa, competitiva e individualista .

Na estrutura cooperativa, os objetivos dos participantes estão vinculados entre si, de forma que cada um alcançará seus objetivos se os outros atingirem os seus, isto é, a busca de objetivos está positivamente correlacionada. Os resultados que cada participante busca são igualmente benéficos para os outros com os quais interagem cooperativamente.

Na estrutura competitiva, cada membro do grupo, ou pequena parte dele, só atinge a sua meta se os demais não atingirem as suas. Assim, cada um persegue objetivos que lhe são pessoalmente benéficos mas danosos aos demais, ou seja, a busca dos objetivos, neste caso, está negativamente correlacionada.

Na estrutura individualista, por sua vez, não existe relação entre os objetivos a serem alcançados por parte de cada membro. O fato de um componente fracassar ou ter sucesso no alcance de seu objetivo não interfere no fato de os demais alcançarem ou não suas metas. Não existe, portanto, correlação na busca de objetivos pelos membros do grupo.

Johnson & Johnson (1998) destacam as seguintes conclusões acerca de suas pesquisas sobre o nível de rendimento alcançado pelos participantes:

a) as situações cooperativas são superiores às competitivas, quanto ao rendimento e produtividade dos participantes;

b) as situações cooperativas são superiores às individualistas, quanto ao rendimento e à produtividade dos participantes;

c) a cooperação intragrupal com a competição intergrupal é superior à competição interpessoal, quanto ao rendimento e à produtividade dos participantes;

d) a cooperação sem competição intergrupos é superior à competição intergrupos, quanto ao rendimento acadêmico e à produtividade dos participantes; e

e) não se constatam diferenças significativas entre a competição interpessoal e os esforços individualistas.

Com base nestas questões relacionadas à cooperação e à interdependência entre os agentes do processo de ensino e aprendizagem, Johnson e Johnson (1998) procuraram sintetizar os componentes básicos da cooperação, indispensáveis à identificação de saberes colaborativos. Sem fazer distinção com o termo colaboração, os autores indicam como elementos básicos da cooperação: interdependência positiva, interação promotora, responsabilidade pessoal, uso apropriado das habilidades sociais e o processamento de grupo (Figura 6). Então concluem que, quando estes princípios são rigorosamente seguidos, há as condições efetivas para a cooperação, proporcionando assim uma equipe de alto rendimento.

Resultado de imagem para aprendizagem cooperativa

Figura 6. Princípios da Aprendizagem Cooperativa