2. Interação Promotora

2.1. Comunicação Humana e Relações Interpessoais

           A palavra comunicação tem várias definições. Pode ser definida como a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas. Uma outra definição encontrada em enciclopédias é dada como a troca de informação entre indivíduos, que constitui um dos processos fundamentais da experiência humana e da organização social.

           Toda comunicação é uma troca de signos, símbolos, e põe em jogo relações de influência e movimentos afetivos, por isso, esse ato está ligado à questão do vínculo e a aspectos relacionados à linguística, psicologia, sociologia e antropologia. Provavelmente, em função de tantas variáveis, esse processo possa ocorrer de formas tantas e distintas.

           Segundo Lewin, a produtividade de um grupo depende, além da competência individual dos seus componentes, da forma com que as relações interpessoais acontecem. Schutz, dando continuidade ao pensamento de Lewin, evolui para o que chamou de “teoria das necessidades interpessoais”, onde “os membros de um grupo não conseguem integrar-se senão a partir do momento em que certas necessidades fundamentais são satisfeitas pelo grupo” (Mailhiot, 1970, p. 66). Tais necessidades estão presentes em todos os seres humanos quando estes estão em grupos e somente em grupo é que se pode satisfazê-las.

           Segundo Schutz, as necessidades básicas são três: 
§ Necessidade de inclusão: necessidade de se sentir aceito, integrado e valorizado totalmente pelos integrantes do grupo. Um membro se sente definitivamente incluído, quando participa integralmente do processo de tomada de decisão, não se sentindo ignorado, isolado ou rejeitado pelo grupo, desejando possuir um status positivo num esforço de mantendo-se como membro do grupo.
§ Necessidade de controle: representa a necessidade que cada um experimenta de se sentir totalmente responsável pelo que o grupo é, necessitando reconhecer a distribuição de autoridade e poder dentro do grupo, sentindo-se mais à vontade na medida em que consegue delinear as estruturas e as linhas de autoridade pretendendo que a dinâmica do grupo não “escape” totalmente de seu controle.
§ Necessidade de afeição ou abertura: considerada como a fundamental na dinâmica dos grupos, é o “secreto desejo” do indivíduo de ser valorizado em um grupo, de ser percebido como insubstituível, com reconhecimento por sua competência, seus recursos e principalmente ser aceito como pessoa humana, não apenas pelo que tem, mas também pelo que é.

           O estágio que o indivíduo se encontra e o grau de satisfação destas necessidades implica em alteração no processo de comunicação. A integração definitiva de um grupo não acontece enquanto existirem bloqueios de filtragem em suas comunicações, ou seja, a essência de um grupo, bem como a sua dinâmica, é determinado pelo grau de autenticidade das comunicações que se iniciam e se estabelecem entre os indivíduos. “Já se aceita como um dado de realidade que somente em um clima de grupo em que as comunicações são abertas e autênticas, as necessidades interpessoais podem encontrar satisfação adequada” (Mailhiot, 1970, p. 70).

           Somente quando a comunicação se estabelece de forma honesta e transparente é que o crescimento acontece, possibilitando que as pessoas possam ser realmente quem são, dizer o que pensam e expressar o que sentem, possibilitando que o eu exterior reflita o eu interior, podendo ser honesto na comunicação com o outro. Sem que o outro participe deste mesmo processo e nível de autenticidade, a comunicação não se estabelece e não há como o crescimento acontecer (a ausência do encontro psicológico entre indivíduos, retarda ou até mesmo impossibilita o crescimento).

           A experiência de ser aceito e acolhido é libertadora e pode ser provocada por um simples toque, uma palavra, um olhar (comunicação verbal ou não verbal). Somente pela comunicação o compartilhamento pode acontecer e o crescimento e libertação da solidão, na medida em que se revelam níveis novos e mais profundos de cada um.