Princípios da Aprendizagem Cooperativa

Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem da UFCA
Curso: Curso de Formação Inicial em Célula Estudantil (Ed.2022.1)
Livro: Princípios da Aprendizagem Cooperativa
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Data: sexta-feira, 17 mai. 2024, 01:27

1. Interdependência Positiva

             A interdependência positiva ocorre quando alguém percebe que está ligado a outros, de forma que seu sucesso depende da coordenação de esforços entre os membros do grupo para a realização da tarefa. Assim, os membros do grupo, ao saberem que “afundam ou nadam juntos” procuram maximizar seus próprios resultados e dos demais membros do grupo. Grupos cooperativos têm como premissa, portanto, desenvolver a interdependência positiva de forma que os indivíduos possam maximizar seus esforços e os demais membros do grupo. Johnson e Johnson (1998) destacam o fato de que:

Quando membros de um grupo vêm seus esforços como dispensáveis para o sucesso do grupo, eles podem reduzir seus esforços. Quando membros do grupo percebem sua contribuição para o grupo como sendo única, aumentam seus esforços. Quando a interdependência de metas, tarefas, recursos e papéis é claramente entendida, os indivíduos se dão conta que seus esforços são requeridos para o sucesso do grupo e que suas contribuições são únicas. Adicionalmente, a interdependência nas recompensas precisa ser estruturada de forma a assegurar que esforços de um membro do grupo não torne os esforços de outros membros desnecessários. (P.15)

             Dentre os impactos da interdependência positiva indicados por Johnson & Johnson (1998), destaca-se o fato de que, para o aumento da produtividade apenas a interação interpessoal não é suficiente. A interdependência positiva é amplamente requerida. Os autores expressam, ainda, que a interdependência positiva faz mais do que simplesmente motivar os indivíduos para trabalharem muito; ela facilita o desenvolvimento de novos insights e descobertas nos processos grupais.

             No jogo de futebol, um jogador passa a bola e o outro que realiza o gol são positivamente interdependentes. O sucesso de um depende do sucesso do outro. É preciso dois ou mais jogadores para completar o passe. Um jogador não tem sucesso sem o outro. Cada jogador deve apresentar o desempenho competente para assegurar o sucesso. Se um falha, todos falham.

             A disciplina da utilização de grupos cooperativos começa com a estruturação da interdependência positiva. Interdependência Positiva implica na ligação dos estudantes, na qual um não pode ter sucesso a menos que todo o grupo tenha sucesso. Os membros do grupo devem saber que eles “afundam ou nadam juntos”. É a interdependência positiva que requer que os membros do grupo arregacem as mangas e trabalhem juntos para alcançar algo além do sucesso individual. Quando os estudantes entendem claramente a interdependência, eles entendem que:
a)       Os esforços de cada membro do grupo são requeridos e indispensáveis para o sucesso do grupo (não devem existir pessoas “correndo por fora”).
b)      Cada membro do grupo tem uma contribuição única a dar para o esforço comum por causa de seus recursos, tarefas e papéis desempenhados.

Existem três passos para a estruturação da interdependência positiva:
1.       Atribuir ao grupo uma tarefa clara e mensurável. Membros do grupo devem saber que eles são capazes de realizá-la.
2.       Estruturar uma interdependência positiva de meta.
3.       Suplementar a interdependência positiva de meta com outros tipos de interdependência positiva.

Interdependência Positiva de Meta

             Interdependência positiva de meta existe quando uma meta comum é estabelecida e os indivíduos percebem que eles atingem seus objetivos se e apenas se seus colegas de grupo atingem seus objetivos. Os membros sabem que não podem ter sucesso a menos que todos os outros membros do grupo tenham sucesso. Na maioria dos casos, significa que nenhum membro pode atingir individualmente a meta; somente o grupo pode atingir a meta.

             Interdependência positiva é o coração da aprendizagem cooperativa. Sem a interdependência positiva, a cooperação não existe. Estudantes devem acreditar que estão em uma situação de “afundem ou nadem juntos”.

Toda atividade cooperativa começa com a interdependência positiva de meta.

             Indivíduos contribuirão com maior energia e esforço para metas significativas do que para as triviais. Ser responsável pelo sucesso dos outros tanto quanto pelo seu próprio dá aos esforços cooperativos um significado que não é encontrado nas situações competitivas e individualistas. Os esforços de cada membro do grupo contribuem não apenas com seu sucesso pessoal, mas também com o sucesso dos colegas. Quando há um sentido para aquilo que fazem, pessoas ordinárias desenvolvem esforços extraordinários. É a interdependência positiva que dá sentido aos esforços dos membros do grupo.

             Quando estudantes começam a trabalhar cooperativamente, interdependência positiva de meta pode não ser suficiente para assegurar que a cooperação ocorrerá. Você precisa, muitas vezes, suplementar a interdependência positiva de meta com outros tipos de interdependência positiva, como interdependência de celebração/recompensa, de papéis, de recursos ou de identidade.

Interdependência de Tarefas

             A interdependência de tarefa existe quando a divisão do trabalho ou reação em cadeia é criada de forma que as ações de um membro do grupo devem ser completadas para que o próximo membro do grupo complete suas responsabilidades. Dividir uma tarefa em sub-unidades que devem ser desempenhadas em uma ordem definida é um exemplo de interdependência de tarefas. Esse modelo de linha de fábrica existe quando grupos têm a atribuição de fazer um bolo. Cada membro do grupo é responsável por completar um passo da sequência. Um membro junta os ingredientes. O outro membro mede as quantidades exatas. O terceiro membro mistura os ingredientes. O quarto membro assa o bolo. Se os ingredientes não são separados, não podem ser medidos, se eles não são medidos, não podem ser misturados. Se não podem ser misturados, não podem ser assados.

Interdependência de Recursos

             Cooperação é aperfeiçoada quando cada membro de um grupo misto percebe que não tem, pessoalmente, todos os recursos requeridos para atingir a meta e, portanto, deve solicitar e utilizar recursos variados de outros membros para obter sucesso. Você estrutura interdependência de recursos entregando para cada membro do grupo somente uma parte das informações, materiais ou recursos necessários para a realização da tarefa (de forma que os membros têm que combinar seus recursos para atingir suas metas.

Interdependência de Papéis

             Você estrutura interdependência de papéis atribuindo a cada membro papéis complementares e interconectados (como leitor, relator, encorajador de participação etc.) que especifica responsabilidades que o grupo precisa a fim de completar a tarefa conjunta. Em grupos cooperativos, você divide responsabilidades em papéis que ajudam o grupo a:
1.       Formar o grupo e organizá-lo para o trabalho.
2.       Funcionar efetivamente. Ou seja, alcançar os objetivos e manter relacionamentos de trabalho efetivos entre os membros.
3.       Resgatar o que os membros sabem e integrá-lo com o que eles estão aprendendo. 
4.       Fermentar o pensando dos membros para melhorar o raciocínio de alto nível.

Interdependência de celebração/recompensa

             Esforços dos estudantes para aprender e promover o aprendizado dos demais deve ser observado, reconhecido e celebrado. Você estrutura a interdependência de celebração e recompensa por meio de:
1.       Possibilitar aos membros do grupo celebrar seu trabalho árduo e sucesso conjunto.
2.       Dar a cada membro do grupo uma recompensa tangível pelo sucesso por trabalharem juntos em uma tarefa compartilhada.

             Celebrações regulares dos sucessos e esforços do grupo melhoram a qualidade da cooperação. As celebrações destacam para os membros do grupo que:
a) juntos eles atingiram algo além do que qualquer outro membro poderia;
b) Os esforços de cada membro contribuíram para o bem comum (sucesso de cada um e não apenas o seu próprio);
c) cada um dos esforços dos membros é apreciado; e
d) cada membro é respeitado como indivíduo. Quando os membros do grupo reconhecem e respeitam seus esforços, criam um compromisso de longo prazo a alcançar.

Interdependência de Identidade

Interdependência de identidade é estruturada quando o grupo estabelece uma identidade mútua por meio de um nome ou um símbolo de grupo como um lema, bandeira ou música. Professores de línguas podem incentivar que os alunos dêem nomes de poetas aos grupos, professores de ciências podem dar nome de cientistas famosos aos grupos ou professores podem propor grupos de palavras-chave de seu conteúdo. É interessante que haja uma correlação desta identidade com sua proposta.

2. Interação Promotora

             Na interação promotora, campo fértil para o exercício da cooperação, os indivíduos encorajam e facilitam os esforços uns dos outros para completar as tarefas a fim de atingir os objetivos do grupo.

             Ela se torna mais evidente na medida em que os membros do grupo atuam de forma a fornecer ajuda, assistência e feedback entre si, desafiarem-se uns aos outros com relação aos diversos raciocínios e conclusões, além de promoverem a troca de recursos como informações e materiais visando à promoção de maiores insights e melhores decisões sobre as questões tratadas. Outros aspectos bastante característicos da interação promotora referem-se ao ambiente de confiabilidade criado no grupo de forma a estabelecer um terreno favorável para influenciar os esforços dos demais e ensejar motivação para superar limites no alcance de objetivos comuns.

             O processo interativo é o grande responsável pela produtividade e desenvolvimento de uma organização, para isso é imprescritível o conhecimento interpessoal da equipe. Assim é possível desenvolver empiricamente uma previsão sobre as reações dos outros frente a certas situações e já certa habilidade para lidar com as formas previsíveis de atuação de diferentes pessoas. Entretanto, as pessoas nem sempre fazem ou dizem o que é esperado, deixando os outros surpresos e confusos com algumas de suas respostas ou atos insólitos.

             O problema é que poucos têm essa sensibilidade de conhecer o outro, se tratam como a máquinas, e isso muitas vezes proporcionam reações indesejadas e põem em risco o equilíbrio da equipe. Incontestavelmente, os seres humanos não funcionam à feição de máquinas isoladas dispostas lado a lado.

             Tem-se que as interações humanas acontecem em dois níveis distintos, mas que interdependem entre si: o da tarefa e o socioemocional. O nível da tarefa é aquele observado na atividade que o grupo deve desenvolver no cotidiano, das atividades visíveis, observáveis, acordadas, tanto nos grupos formais de trabalho quanto nos grupos informais. Já o nível socioemocional é relacionado às sensações e emoções já existentes ou geradas na convivência do grupo.

             Esses dois níveis de interações dependem, pois é fato que quando no nível socioemocional existem sentimentos e emoções positivas de reciprocidade, o nível da tarefa é facilitado no sentido de maior canalização de energia para atividades concretas, produtivas e satisfatórias contribuindo para a manutenção, crescimento, amadurecimento e consolidação do grupo. Se, todavia, o clima emocional evoluir negativamente em função de sentimentos de antagonismo entre os participantes, gera desagrado, antipatia, hostilidade, aversão, agressividade, e há uma influência também na qualidade da tarefa exercida pelos participantes, ou seja, na produtividade e satisfação de cada participante.

             Dentre essas interações, destaca-se o grupo, que adquire aspectos segundo as individualidades de seus participantes, mas também conforme a configuração única que adquire, pois essa transição do individual para o coletivo ainda não foi completamente elucidada pela ciência. É enganoso supor que o comportamento humano individual sirva de base para se extrapolarem conhecimentos e conclusões sobre a atuação de grupo. As pessoas em grupo agem de forma diferente da que adotam quando estão sós. O grupo assume uma configuração própria que influi nos sentimentos e ações de cada um. O grupo é uma gestalt dinâmica – é um ‘todo’ que dá significado às partes e não pode ser confundido com partes em justaposição.

             Fazendo uma analogia simples, um cubo mágico é mais do que a interposição de inúmeros quadrados menores de seis cores diferentes, mas ele é algo único, adquirindo um sentido próprio maior do que as partes que o compõe. Nesse aspecto, as forças dominantes e norteadores do grupo (nível de tarefa e nível socioemocional) exercem entre si uma influência recíproca que é imprescindível para as relações interpessoais e grupais, e consequentemente, na perpetuação e consolidação do grupo. O que se passa no nível socioemocional do grupo independe da inteligência, competência e qualificação técnica de seus membros. Não obstante, é de vital importância para a consecução dos objetivos e obtenção de resultados com qualidade.

             Um exemplo típico de grupo são os discentes, em que se percebe a contribuição interpessoal e individual criada a partir de boas interações em ambientes educacionais. Tanto crianças que aprendem valores e repetições de comportamento como em adolescentes, que podem aprender os significados de parceria, intolerância e afetividade. A partir disso é possível perceber como gerir boas práticas para alimentar essas trocas de formas saudáveis.

2.1. Comunicação Humana e Relações Interpessoais

           A palavra comunicação tem várias definições. Pode ser definida como a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas. Uma outra definição encontrada em enciclopédias é dada como a troca de informação entre indivíduos, que constitui um dos processos fundamentais da experiência humana e da organização social.

           Toda comunicação é uma troca de signos, símbolos, e põe em jogo relações de influência e movimentos afetivos, por isso, esse ato está ligado à questão do vínculo e a aspectos relacionados à linguística, psicologia, sociologia e antropologia. Provavelmente, em função de tantas variáveis, esse processo possa ocorrer de formas tantas e distintas.

           Segundo Lewin, a produtividade de um grupo depende, além da competência individual dos seus componentes, da forma com que as relações interpessoais acontecem. Schutz, dando continuidade ao pensamento de Lewin, evolui para o que chamou de “teoria das necessidades interpessoais”, onde “os membros de um grupo não conseguem integrar-se senão a partir do momento em que certas necessidades fundamentais são satisfeitas pelo grupo” (Mailhiot, 1970, p. 66). Tais necessidades estão presentes em todos os seres humanos quando estes estão em grupos e somente em grupo é que se pode satisfazê-las.

           Segundo Schutz, as necessidades básicas são três: 
§ Necessidade de inclusão: necessidade de se sentir aceito, integrado e valorizado totalmente pelos integrantes do grupo. Um membro se sente definitivamente incluído, quando participa integralmente do processo de tomada de decisão, não se sentindo ignorado, isolado ou rejeitado pelo grupo, desejando possuir um status positivo num esforço de mantendo-se como membro do grupo.
§ Necessidade de controle: representa a necessidade que cada um experimenta de se sentir totalmente responsável pelo que o grupo é, necessitando reconhecer a distribuição de autoridade e poder dentro do grupo, sentindo-se mais à vontade na medida em que consegue delinear as estruturas e as linhas de autoridade pretendendo que a dinâmica do grupo não “escape” totalmente de seu controle.
§ Necessidade de afeição ou abertura: considerada como a fundamental na dinâmica dos grupos, é o “secreto desejo” do indivíduo de ser valorizado em um grupo, de ser percebido como insubstituível, com reconhecimento por sua competência, seus recursos e principalmente ser aceito como pessoa humana, não apenas pelo que tem, mas também pelo que é.

           O estágio que o indivíduo se encontra e o grau de satisfação destas necessidades implica em alteração no processo de comunicação. A integração definitiva de um grupo não acontece enquanto existirem bloqueios de filtragem em suas comunicações, ou seja, a essência de um grupo, bem como a sua dinâmica, é determinado pelo grau de autenticidade das comunicações que se iniciam e se estabelecem entre os indivíduos. “Já se aceita como um dado de realidade que somente em um clima de grupo em que as comunicações são abertas e autênticas, as necessidades interpessoais podem encontrar satisfação adequada” (Mailhiot, 1970, p. 70).

           Somente quando a comunicação se estabelece de forma honesta e transparente é que o crescimento acontece, possibilitando que as pessoas possam ser realmente quem são, dizer o que pensam e expressar o que sentem, possibilitando que o eu exterior reflita o eu interior, podendo ser honesto na comunicação com o outro. Sem que o outro participe deste mesmo processo e nível de autenticidade, a comunicação não se estabelece e não há como o crescimento acontecer (a ausência do encontro psicológico entre indivíduos, retarda ou até mesmo impossibilita o crescimento).

           A experiência de ser aceito e acolhido é libertadora e pode ser provocada por um simples toque, uma palavra, um olhar (comunicação verbal ou não verbal). Somente pela comunicação o compartilhamento pode acontecer e o crescimento e libertação da solidão, na medida em que se revelam níveis novos e mais profundos de cada um.


3. RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL

                 Um dos principais aspectos para a efetividade da cooperação, a responsabilidade individual refere-se à contribuição de cada um para o atingimento das metas do grupo. Segundo Johnson & Johnson (1998), isso implica que cada um realize suas atividades pessoais e facilite o trabalho de outros membros do grupo.

                Nesse sentido, o propósito do grupo cooperativo é fazer com que cada membro seja um indivíduo mais fortalecido na realização das tarefas. Além disso, cada membro deve assumir sua contribuição para o sucesso do grupo.  Para incentivá-la, procura-se fazer trocas de feedbacks individuais e grupais, os esforços  com o aprendizado dos colegas precisam ser reconhecidos e celebrados, podem ser incentivadas formas de apoio e encorajamento mútuo e serem evitados esforços redundantes pelos membros do grupo.

               Apesar das tarefas individualizadas é necessário sempre lembrar que é um trabalho conjunto, portanto, cada membro deve perceber o efeito de suas ações no desenvolvimento e aprendizagem do grupo e buscar uma conduta baseada na autonomia, na liderança e no protagonismo.

               O conceito de autonomia remonta ao processo dialógico de ensino na Filosofia grega, que postulava a busca, pelo aluno, de resposta às suas próprias questões, exercitando sua formação autônoma.

               Essa autonomia dos alunos, condição indispensável para a estruturação da aprendizagem cooperativa, deve ser percebida em um contexto mais amplo, em função dos objetivos da aprendizagem e da visão de mundo daqueles que concretizam uma ação educativa.

               Ao postular a prática educativa como ação formadora, Paulo Freire (1996, p. 47) destaca que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção.

               Para ele, o ensino exige respeito à autonomia do ser do educando. Nas palavras de Freire (1996, p. 59) “ o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”. Para a promoção da autonomia, faz-se necessária a compreensão da estrutura de poder do grupo, de forma que se possa redimensionar esse fluxo de poder, ampliando, assim, as possibilidades de ação dos indivíduos. 

               Para Freire (1996), essa autonomia se faz na experiência das inúmeras decisões que são tomadas ao longo da vida. Segundo ele,

Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém amadurece de repente aos 25 anos. A gente vai amadurecendo todo dia, ou não. A autonomia enquanto amadurecimento do ser para si é processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas de liberdade. (FREIRE, 1996, p. 107).

               O papel dos membros do grupo consiste, portanto, em se ajudarem no reconhecimento de si próprios como sujeitos autores de seus processos de aprendizagem. Essa construção autônoma, aliada à interdependência positiva e à interação dos indivíduos, possibilita um movimento próprio que legitima e identifica o grupo.


3.1. A IMPORTÂNCIA DAS METAS

               Tanto uma boa atitude como um alto grau de compromisso é necessário para o sucesso, tanto na vida como em vendas.

               A chave para o sucesso e a realização é ter uma noção de propósito e uma meta.

               Não se nasce com atitude nem compromisso. Para desenvolver um desejo ardente de ser o melhor, você precisa compreender e se concentrar no seu propósito.

               Ninguém mais, somente você pode identificar o seu propósito e articular as metas oriundas dele. Olhe para dentro de si, e faça estas três perguntas:

 Onde você esteve?               Por que você está aqui?               Para onde você vai?

               Saber aonde você quer chegar e como irá chegar lá lhe dá uma noção de propósito. Esta, por sua vez, lhe oferece um motivo para assumir um compromisso com o seu próprio sucesso. Sem isso, é muito pouco provável que alguém consiga o que quer. Se você não sabe o que quer, como é que irá conseguir?

               O principal motivo das pessoas não conseguirem o que querem da vida é nunca terem se dado ao trabalho de descobrir o que querem. Pesquisas demonstram que:

• Apenas 5% das pessoas efetivamente têm metas;

• Apenas 1% chegam a escrever essas metas.

                As pessoas desprovidas de metas são as mesmas que acreditam que nunca irão atingir o verdadeiro sucesso, e que nunca irão obter o que querem da vida. Então elas reclamam dos seus empregos, do estilo de vida, das circunstâncias, da conjuntura, etc. Em lugar de decidirem o que querem e traçar um plano para conseguir isso, deixam passar as oportunidades que a vida lhes apresenta.

               Em contrapartida, as pessoas de sucesso estabelecem metas e planejam suas realizações. Estudos sobre milionários de sucesso que se fizeram sozinhos apontaram algumas características que eles têm em comum:

• ter uma noção de propósito;
• estabelecer metas e planejar para o futuro;
• trabalhar com algo de que gosta;
• disposição para investir grandes quantidades de tempo, energia e esforço;
• persistência e tornar os sonhos realidade.

               Dentro de um contexto de uma equipe, ainda há a necessidade de alinhar as metas individuais com as metas do grupo, para evitar certos conflitos de interesse e proporcionar a ajuda mútua necessária.


3.2. Precisamos de Estudantes

1     De estudantes que tenham os pés na terra e a cabeça nas estrelas. Que sejam capazes de sonhar, sem medo de seus sonhos, e sejam tão idealistas e práticos que transformem seus sonhos em metas e suas metas em realidade.

2     Precisamos de estudantes determinados, que nunca desistam de construir seus destinos e arquitetar suas vidas, de amar o seu povo e ajudá-los a reconstruir um mundo melhor para ser vivido.

3     Precisamos de estudantes que percebam, na visão e na missão, um forte impulso para sua própria motivação. Precisamos de estudantes com dignidade, que se conduzam com coerência em seus discursos, seus atos, suas crenças e seus valores.

4     Precisamos de estudantes que questionem, não pela simples contestação, mas pela necessidade íntima de só aceitar o melhor e nunca se deixar ser encabrestado.

5     Precisamos de estudantes que mostrem sua face serena de companheiros legais, que não queiram ser superiores nem inferiores. Mas... iguais.

6     Precisamos estudantes ávidos por aprender e que se orgulhem de absorver o novo e que tenham coragem para abrir caminhos, enfrentar desafios, criar soluções, correrem riscos calculados, sem medo de errar.

7     Precisamos de estudantes, que não se empolguem com seu próprio brilho, mas com o brilho do resultado alcançado em conjunto.

8     Precisamos de estudantes que enxerguem as árvores, mas que também prestem atenção na magia da floresta e assim tenham a percepção do todo e da parte.

9     Que sejam justos, que inspirem confiança e demonstrem confiança nos parceiros, estimulando-os, energizando-os, sem receio que lhe façam sombra e sim orgulhando-se deles.

10    Precisamos de estudantes que criem em torno de si um ambiente de entusiasmo, de liberdade, de responsabilidade, de determinação, de respeito e de amizade.

      

Enfim, Precisamos de Estudantes,
mas também Precisamos de pais, mães, homens, mulheres e crianças
que estejam dispostos a ser instrumentos de transformação da sociedade,
que estejam dispostos a contribuir para o estabelecimento de um mundo equilibrado,
onde ninguém possa ser tratado pelo que tem,
onde todos sejam iguais perante a natureza e aos homens,
onde a paz, a justiça e o amor sejam
valores verdadeiramente praticados e absolutamente inquestionáveis.


4. Habilidades Sociais

           Em um grupo cooperativo, onde se procura coordenar esforços na busca de objetivos comuns, Johnson & Johnson (1998) advertem sobre a necessidade de exercitar habilidades interpessoais, como conhecer e confiar nos demais, comunicar-se de forma acurada e sem ambiguidade, aceitar e oferecer suporte aos demais e resolver conflitos de forma construtiva.

           Consideram, ainda, indispensável que os membros do grupo estejam sensibilizados para o exercício dessas habilidades sociais entre si. Conhecer e exercitar habilidades interpessoais são atos que capitalizam as possibilidades das situações cooperativas. Essas habilidades não apenas incrementam o alcance dos objetivos como também contribuem para o estabelecimento de relações mais positivas entre os membros do grupo.

           Habilidades sociais não são um luxo, a ser aprendido somente quando o tempo permite. Elas representam uma necessidade para todos os aspectos da vida. A importância atribuída às habilidades sociais não deve ser considerada um exagero. Habilidades sociais representam a conexão entre os membros do grupo. A qualquer tempo que você conversa, joga, interage ou trabalha com outros, você está utilizando habilidades sociais. Devido às mudanças na estrutura da família, vizinhança e da vida comunitária, muitos alunos já não são ensinados a interagir eficazmente com outras pessoas, pais e colegas.

           A pesquisa em ciências sociais indica que uma vida sem um mínimo de habilidades sociais não é uma vida plena. A incapacidade de se relacionar com outras pessoas leva à solidão e ao isolamento. Solidão e isolamento podem prejudicar o crescimento, incentivar o fracasso, fazer a vida parecer sem sentido, criar ansiedade e depressão, resultar em uma obsessão com o passado, aumentar a fragilidade e, até, encurtar a vida.

QUE HABILIDADES SOCIAIS DEVEM SER APRENDIDAS?

           Inúmeras habilidades interpessoais e de pequenos grupos afetam o sucesso dos esforços de cooperação. Elas podem ser agrupadas em quatro categorias: Formação, funcionamento, formulação e fermentação.

FORMAÇÃO: O primeiro conjunto de habilidades de gestão voltada para a organização do grupo e o estabelecimento de normas mínimas para o comportamento adequado. Alguns dos mais importantes comportamentos nessa categoria são:
· Monitoramento do barulho – As pessoas devem se mover sem muito barulho para não perturbar os demais;
· Monitoramento da participação – As pessoas devem permanecer no grupo, realizando a atividade proposta;
· Monitoramento da voz – O grupo, durante o trabalho deve utilizar a voz calma, evitando manifestações barulhentas;
· Monitoramento do revezamento de tarefas – Todos os membros do grupo devem participar da realização das tarefas, compartilhando aprendizagens e esforços para atingir a meta;
·  Outras estratégias – Chamar as pessoas pelo nome e falar olhando para o interlocutor.

FUNCIONAMENTO: Habilidades necessárias para gerir as atividades do grupo na realização das tarefas e na manutenção de relações de trabalho eficazes entre os membros.

· Compartilhar ideias e opiniões – Os membros do grupo devem compartilhar suas ideias e materiais;
· Perguntar pelos fundamentos e fatos relativos às ideias – Os membros do grupo devem perguntar, buscar as ideias e opiniões dos demais, buscar entendê-las e discuti-las;
· Encorajar a participação de todos – Os membros devem perguntar uns aos outros quais suas ideias e opiniões. Esse compartilhamento é fundamental para que as pessoas se sintam valorizadas;
· Solicitar ajuda ou clarificação – Solicitar ajuda aos colegas, quando necessário, é essencial para o sucesso do grupo;
· Manifestar apoio e aceitação – Apoio pode ser manifestado tanto verbal quanto não verbalmente. Apoio não-verbal pode ser expresso através de contato visual, acenando com a cabeça e com um olhar interessado. Apoio verbal inclui incentivar e buscando idéias e conclusões dos demais membros do grupo;
· Oferecer-se para explicar ou clarificar uma ideia – Quando um membro do grupo acha que os outros não estão entendendo o que ele diz, é importante buscar explicar ou clarificar a ideia;
· Utilizar a paráfrase – O propósito da paráfrase é entender exatamente a ideia do colega. Exemplo: “Se eu entendi bem, você acha que (________) É essa a tua ideia?”;
· Energizar o grupo – Os membros podem energizar o grupo para trabalharem no sentido de alcançarem suas metas, utilizando o humor, novas ideias ou demonstrando entusiasmo;
· Descrever sentimentos: Existem momentos em que descrever sentimentos tem efeitos bem positivos no grupo. Exemplo: “Estou super contente pois a gente conseguiu melhorar a nota na disciplina! Foi ótimo!”;

FORMULAÇÃO: Habilidades necessárias para maximizar a maestria e a retenção do material estudado, construir um nível mais profundo de compreensão do material, e estimular o uso de estratégias de raciocínio de melhor qualidade. Essas habilidades incluem:
· Sintetizar em voz alta: Sintetizar em voz alta o que foi lido ou discutido. Todas as idéias e fatos importantes devem ser sintetizados para maximizar o aprendizado;
· Buscar precisão/corrigir: Buscar a precisão, corrigindo  a síntese feita pelo colega, adicionando importantes informações não incluídas e pontuando idéias incorretas (Não estou certo que estou correto, mas acho que....);
· Buscar elaboração; Elaboração ocorre quando os alunos relacionam o material aprendido com o material aprendido anteriormente e com outras coisas que sabem. Os membros devem se perguntar, por exemplo: Como isso se relaciona com o material que estudamos na semana passada?;
· Ajudar o grupo a lembrar: os membros do grupo devem membros devem buscar maneiras inteligentes de lembrarem fatos e idéias importantes utilizando desenhos, figuras mentais e outros auxiliares de memória;
· Verificar o entendimento: Solicitar aos membros do grupo que explicitem sua linha de raciocínio para torná-la aberta à correção e discussão.

FERMENTAÇÃO: Habilidades necessárias para estimular o conflito cognitivo, a busca por mais informação, a comunicação da lógica por trás uma das conclusões e reconceitualização do material estudado. Algumas das habilidades envolvidas são:
· Criticar ideias sem criticar pessoas: Uma habilidade importante é desafiar intelectualmente os colegas de equipe criticando suas ideias ao mesmo tempo em que demonstra respeito pelos membros do grupo. (“Respeito você, mas, nesse caso, tenho que discordar do seu pensamento.”);
· Identificar as diferenças de ideias e raciocínio entre os membros do grupo:  No início das discussões e debates identificar em que os pensamentos dos membros do grupo diferem. (Como nossas informações e conclusões diferem?);
· Integrar ideias em uma única posição: Sintetizar e integrar diferentes e conflitantes ideias e raciocínios em uma posição com a qual cada um possa concordar;
· Pedir justificativa: Os membros devem perguntar aos outros os fatos e linhas de raciocínio que justificam porque suas ideias são as mais corretas ou apropriadas;
· Fazer perguntas em profundidade: Os membros do grupo devem fazer perguntas que levem a uma compreensão ou análise mais profunda. (“Isso funcionaria nessa situação? O que mais faz você acreditar que...?”);
· Gerar mais respostas: Os membros do grupo devem ir além da primeira resposta ou conclusão, produzindo um número de outras respostas plausíveis. (Será que isso também funciona ...? Será que essa é uma outra possibilidade? ");
· Fazer um “teste de realidade”, verificando as possibilidades do grupo: Membros do grupo ajustar o trabalho do grupo com as instruções, tempo disponível e outros elementos da realidade (“Temos tempo suficiente para fazer esse trabalho dessa forma?”).

A aprendizagem das habilidades sociais envolve a transmissão da necessidade dessas habilidades, definir e modelar essas habilidades, promover a sua prática nos grupos, avaliar a efetividade de sua prática e possibilitar que os membros do grupo perseverem no desenvolvimento dessas práticas. Fazendo isso, não só melhoramos o desempenho dos membros, como também aumentamos a futura empregabilidade, suas possibilidades de sucesso na carreira, qualidade de relacionamentos e saúde psicológica. 

5. Processamento de Grupo

            O processamento de grupo pode ser definido como as circunstâncias em que, em sessões de grupo, são discutidas ações dos membros que foram úteis ou não e tomadas decisões sobre que ações devem ser mantidas ou mudadas. O propósito do processamento do grupo é clarificar e promover a efetividade dos componentes para juntar esforços no alcance de objetivos comuns.

            Johnson & Johnson (1998), atentando para os resultados de suas pesquisas, destacam que, além do alcance de objetivos, o processamento de grupo contribui para aumentar a motivação, melhorar o relacionamento ente os membros e aumentar o nível de autoestima e de atitudes positivas com relação aos conteúdos tratados pelo grupo.

            Os membros do grupo devem analisar o processo que estão usando para concluir seus trabalhos e melhorá-los continuamente. Um processo é uma sequência de identificação de ações (ou eventos) que ocorrem ao longo do tempo visando atingir um determinado objetivo.

            Processamento de grupo é a reflexão sobre o trabalho do grupo e interação entre os membros para clarificar e melhorar os esforços no alcance das metas do grupo e efetividade nas relações de trabalho por meio de:
a)       Descrição das ações dos membros que foram úteis;
b)      Decisão sobre que aões devem continuar e que ações devem ser mudadas.

Os efeitos do processamento de grupo são:

  • Melhoria contínua da qualidade da atividade do grupo e do trabalho em equipe;
  • Aumento da responsabilidade individual, concentrando a atenção na atuação responsável e hábil de cada membro para  aprender e ajudar os colegas a aprender;
  • Agilidade no processo de aprendizagem para torná-lo mais simples (redução da complexidade);
  • Eliminação das ações não qualificadas e inadequadas.

            Os membros devem estruturar o processamento de grupo por meio de: a) reserva de tempo nas reuniões para  reflexão sobre suas experiências de trabalho com os outros e b) definição de procedimentos que sejam utilizados para discussão da eficácia do grupo.

            O processamento pode ser realizado em diferentes frequências a partir das necessidades percebidas pela célula (por atividade, semanal, quinzenal etc.). Rotineiramente pode-se fazer um processamento mais rápido, mas é necessário que periodicamente realizar uma discussão mais detalhada do processo, a fim de maximizar a aprendizagem das ações.  

            O processamento de grupo pode ser dividido em quatro fases:

  • Feedback: garantia de que  cada aluno do grupo possa dar e receber feedback sobre a eficácia das atividades e do trabalho em equipe;
  • Reflexão: análise e reflexão sobre os feedbacks recebidos.
  • Metas de melhoria: definição de  metas individuais e coletivas para a melhoria do trabalho em equipe.
  • Celebração: Celebração do trabalho árduo e do sucesso alcançado pelo grupo.

            No entanto, realizar o processamento não é uma atividade simples, pois é preciso que o estudante esteja aberto a ouvir o que os colegas têm a dizer sobre ele e a expressar o que achou do desempenho dos outros integrantes de forma responsável e cuidadosa. No início, alguns modelos de processamento podem auxiliar esse momento tão delicado e importante para o alcance dos objetivos propostos pela célula.

5.1. Instrumentos de Processamento de Grupo

a) QUE BOM! QUE PENA! QUE TAL?

DESCRIÇÃO: Esse modelo de processamento avalia como os estudantes da célula percebem as atividades que existiram no grupo, e quais colocações seriam feitas se questionados acerca dessas colocações. Com esse formato é possível gerar reflexões sobre o desempenho individual, podendo-se avaliar a opinião geral dos estudantes acerca das atividades da célula. É interessante utilizar esse modelo quando os estudantes da célula ainda não se conhecem muito bem e estão dispostos a construir um bom funcionamento para a célula.

APLICAÇÃO: Cada integrante da célula responde á cada um dos quadrinhos e depois expõem ao grupo o que responderam para cada um dos questionamentos. É importante que cada membro responda as questões referindo-se a todas as atividades da célula, uma por vez.

 EXEMPLO:


Atividade Que bom ! Que pena ! Que tal ?
 exemplo      -----         -----        -----  

b) QUADRANTE:

DESCRIÇÃO: Esse modelo fornece um panorama geral de como cada estudante da célula avalia a si mesmo, o grupo e a atividade. É indicado quando a célula já tem um maior tempo de existência e seus integrantes já se conhecem a ponto de sentirem-se fazendo parte de algo comum. Isso porque pede que os estudantes se sintam à vontade para pensar sobre e dizer como se sentem com aquele grupo de forma mais aprofundada, com uma maior liberdade.

APLICAÇÃO: Em sua utilização, cada membro da célula deve preencher o quadrante (semelhante ao do exemplo abaixo), avaliando fatores positivo e negativos da relação: 1) do estudante com a atividade desenvolvida; 2) do estudante com o grupo; 3) do grupo com a atividade e 4) do grupo com o estudante. Em seguida, os integrantes compartilham cada um dos quatro pontos, percebendo pontos comuns e divergentes. É necessário tempo para essa aplicação, cerca de 30 minutos, apesar de poder ser adaptada para menor ou maior tempo. Esse modelo também pode ser utilizado para avaliar não apenas atividades individuais, mas as atividades desenvolvidas pela célula em um determinado período (atividades semanais ou quinzenais).

EXEMPLO:

Integrante: Maria Pereira

Atividade: Estudo de biologia (cadeia alimentar)

Eu com 

EU COM A ATIVIDADE

Positivo:
Negativo:
EU COM O GRUPO

Positivo:
Negativo:

GRUPO COM A ATIVIDADE


Positivo:
Negativo:
GRUPO COMIGO

Positivo:
Negativo:

c) PIZZA COOPERATIVA:

DESCRIÇÃO: Esse modelo de processamento permite a percepção das contribuições de cada integrante da célula, fortalecendo o reconhecimento dos esforços individuais e do grupo. Seu uso é indicado diante da necessidade de um maior reconhecimento positivo do grupo e dos seus membros uns com os outros. Também possibilita que o grupo observe melhor a implicação de cada membro com a atividade, a responsabilidade individual e as aptidões de seus integrantes.

APLICAÇÃO: A célula constrói um círculo (pizza) e o divide em fatias de acordo com a quantidade de participantes. Em cada fatia deve ser colocado o nome de um membro da célula. Uma fatia por vez, os membros do grupo devem escrever as contribuições daquele estudante para o desenvolvimento de uma atividade específica ou para uma série de atividades desenvolvidas pela célula.

 EXEMPLO:


d) PERGUNTAS ABERTAS:

DESCRIÇÃO: Este modelo de processamento permite que cada integrante reflita individualmente sobre o funcionamento da célula e de si mesmo na célula. Pode ser utilizado para estimular uma maior reflexão dos estudantes, permitindo a ampliação da percepção sobre ele mesmo e o desempenho da célula.

APLICAÇÃO: Cada integrante da célula responde um roteiro de perguntas abertas (ver abaixo). Em seguida, os membros da célula compartilham suas respostas e discutem possíveis modificações e novas metas a serem alcançadas.

EXEMPLO DE ROTEIRO:

PROCESSAMENTO DE GRUPO
Atividade(s):                                                                       NOME:
1) Como eu avalio a minha contribuição com a(s) atividade(s) executadas(s)? Por quê? 

2) Como eu avalio minha relação com a célula? Por quê? 

3)Como eu avalio a relação do grupo comigo? Por quê?

 4) Como eu avalio o funcionamento da célula? Por quê?

 5)Como eu avalio o desempenho da célula até agora?

E) QUESTIONÁRIO TIPO GRADATIVO

DESCRIÇÃO: Este modelo de processamento avalia o desempenho da célula como um todo, permitindo uma compreensão de como cada integrante percebe o funcionamento da célula. Pode ser utilizado quando os integrantes ainda não se conhecem muito, por focar mais o grupo de uma forma geral.

APLICAÇÃO: Cada integrante da célula responde individualmente o questionário (olhar exemplo) sobre o desempenho da célula, marcando os itens que considerar mais pertinentes. Depois os estudantes compartilham suas respostas discutindo divergências e concordâncias, bem como os motivos que os levaram a tais respostas.

EXEMPLO:

Questionário de processamento de grupo
Componentes do grupo:__________________________________________________________
Data: __________________

COMO TRABALHAMOS EM GRUPO NA CÉLULA?
MARQUE COM UM X ABAIXO DO ITEM CORRESPONDENTE A SUA RESPOSTA:
1.       Escutamos as opiniões e as ideias dos colegas da célula:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
2.       Todos contribuem com ideias e opiniões:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
3.       Partilhamos nossa responsabilidade:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
4.       Conseguimos chegar a um consenso:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
5.        Conseguimos expressar nossos desacordos de forma eficiente:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
6.       Gerimos nosso tempo com eficácia:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
7.       Os integrantes da célula têm bastante concentração nas atividades desenvolvidas:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
8.       As atividades previstas são realizadas com sucesso:
(   )Sempre             (   )Às vezes                   (   )Raramente
9.       O grupo celebra quando concluiu a tarefa:
(   )Sempre            (   )Às vezes                   (   )Raramente


6. Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Johnson, D. W. & Johnson, R. Cooperation in the Classroom. Edina (MN): Interaction Book Company, 2008.

JOHNSON, D. W. & JOHNSON, R. T. Cooperative Learning and Social Interdependence Theory. In: Social Psychological Applications to Social Issues.1998. Disponível em: http:// www.co-operation.org/pages/SIT.html, acesso em 11.04.2007.

MOSCOVICI, Fela. Equipes dão certo. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1996.

Prefeitura Municipal de Curitiba, GETS – Grupo de Estudos do Terceiro Setor, United Way of Canada – Centraide Canada. Modelo Colaborativo: experiência e aprendizados do desenvolvimento comunitário em Curitiba. Curitiba: Instituto Municipal de Administração Pública, 2002.