3. RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL

                 Um dos principais aspectos para a efetividade da cooperação, a responsabilidade individual refere-se à contribuição de cada um para o atingimento das metas do grupo. Segundo Johnson & Johnson (1998), isso implica que cada um realize suas atividades pessoais e facilite o trabalho de outros membros do grupo.

                Nesse sentido, o propósito do grupo cooperativo é fazer com que cada membro seja um indivíduo mais fortalecido na realização das tarefas. Além disso, cada membro deve assumir sua contribuição para o sucesso do grupo.  Para incentivá-la, procura-se fazer trocas de feedbacks individuais e grupais, os esforços  com o aprendizado dos colegas precisam ser reconhecidos e celebrados, podem ser incentivadas formas de apoio e encorajamento mútuo e serem evitados esforços redundantes pelos membros do grupo.

               Apesar das tarefas individualizadas é necessário sempre lembrar que é um trabalho conjunto, portanto, cada membro deve perceber o efeito de suas ações no desenvolvimento e aprendizagem do grupo e buscar uma conduta baseada na autonomia, na liderança e no protagonismo.

               O conceito de autonomia remonta ao processo dialógico de ensino na Filosofia grega, que postulava a busca, pelo aluno, de resposta às suas próprias questões, exercitando sua formação autônoma.

               Essa autonomia dos alunos, condição indispensável para a estruturação da aprendizagem cooperativa, deve ser percebida em um contexto mais amplo, em função dos objetivos da aprendizagem e da visão de mundo daqueles que concretizam uma ação educativa.

               Ao postular a prática educativa como ação formadora, Paulo Freire (1996, p. 47) destaca que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção.

               Para ele, o ensino exige respeito à autonomia do ser do educando. Nas palavras de Freire (1996, p. 59) “ o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”. Para a promoção da autonomia, faz-se necessária a compreensão da estrutura de poder do grupo, de forma que se possa redimensionar esse fluxo de poder, ampliando, assim, as possibilidades de ação dos indivíduos. 

               Para Freire (1996), essa autonomia se faz na experiência das inúmeras decisões que são tomadas ao longo da vida. Segundo ele,

Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém amadurece de repente aos 25 anos. A gente vai amadurecendo todo dia, ou não. A autonomia enquanto amadurecimento do ser para si é processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas de liberdade. (FREIRE, 1996, p. 107).

               O papel dos membros do grupo consiste, portanto, em se ajudarem no reconhecimento de si próprios como sujeitos autores de seus processos de aprendizagem. Essa construção autônoma, aliada à interdependência positiva e à interação dos indivíduos, possibilita um movimento próprio que legitima e identifica o grupo.