4. EDUCAÇÃO LIBERTADORA

O grande autor que defende a necessidade da educação ter um viés libertador para o indivíduo é o pedagogo Paulo Freire, a partir da caracterização de duas concepções opostas de educação: a concepção “bancária” (Figura 5) e a concepção “problematizadora”. Na primeira, o educador sabe tudo e o educando pouco sabe ou nada sabe; o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que nada sabem, que se tornam, afinal, meros objetos. “A educação torna-se um ato de depositar, como nos bancos.” Já na educação problematizadora, educador e educando integram um mesmo processo, estabelecendo-se uma relação dialógico-dialética, na qual ambos aprendem juntos. Aqui prevalece o diálogo, a troca de informações, educador e educando interagem com os seus saberes e então produzem o conhecimento.

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Figura 5. Caricatura para representar a educação bancária

A prática didática de Paulo Freire fundamentava-se na crença de que o educando assimila o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em que o educando criaria seu próprio caminho educativo, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

Primeiramente, Paulo Freire enfatiza que para um educador é necessário estar de acordo que só é possível ensinar através de um processo que é obtido socialmente. Não se trata de um ato de transmissão de conhecimentos, mas sim criação de oportunidades para a construção dos saberes. Assim representa um processo de formação, na qual o educando se torna sujeito de seu conhecimento, porém, ambas as partes desse processo passam por um aprendizado.

Entretanto, nesta formação é indispensável que o docente possibilite ao aluno um objetivo a ser traçado em sua busca ao conhecimento. Dessa maneira, os alunos vão ter qualidades críticas e serão capazes de criar. Da mesma forma, cabe a ele estimular os seus alunos a verificarem os conteúdos de suas próprias descobertas, assim, os formará autônomos de seus conhecimentos e disciplinados metodologicamente.

As ideias progressistas pedagógicas, de forma alguma, devem ser confundidas com um ato de espontaneidade e liberdade dos professores e alunos diante da construção desse conhecimento. Cabe aos educadores conduzirem de forma metodológica os conteúdos ensinados para que essa prática seja eficiente.

Como eixo norteador de sua prática pedagógica, Freire defende que "formar" é muito mais que formar o ser humano em suas destrezas, atentando para a necessidade de formação ética dos educadores, conscientizando-os sobre a importância de estimular os educandos a uma reflexão crítica da realidade em que está inserido. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas, dizia: “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo".

Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar.

Distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem:

a) O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos, mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. 

b) O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. 

c) Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses.

Assim, Freire concorda com outros autores sobre a necessidade de interação entre os alunos para que ocorra uma maior aprendizagem e a libertação em comunidade.