Forum de Discussão

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Número de respostas: 84

Como assistiram na aula, que eu havia mostrando os três livros :

  • O Silêncio de Júlia, autores de Pierre Coran e Melanie Florian;
  • O Silencioso Mundo de Flor, autora Cecília França;
  • Daniel no Mundo do Silêncio, autor Walcyr Carrasco.

Livro.png

Ambos mostraram o título “Silêncio”, também mostraram a música para surdos.

A questão é que autores ouvintes escreveram sobre o termo silêncio para surdos.

Como os autores vêem as pessoas surdas?

Por que eles colocaram música na história de pessoas surdas?

Dê sua opinião.


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Re: Forum de Discussão

por ADACI ESTEVAM RAMALHO NETO -
Quando autores ouvintes abordam o tema da surdez em suas obras, eles podem ter diferentes motivações e perspectivas. Na minha opinião, algumas possíveis razões pelas quais eles escolheriam incluir o termo "silêncio" e música na história de pessoas surdas:

Metáfora e Simbolismo:

O termo "silêncio" pode ser usado como uma metáfora para explorar temas mais amplos, como isolamento, incompreensão ou a busca por conexão. Autores podem utilizar o silêncio como símbolo para expressar experiências emocionais e sociais associadas à surdez.
Exploração da Experiência Sensorial:

A inclusão de música na história de pessoas surdas pode ser uma maneira de explorar a experiência sensorial de uma forma diferente. Pode enfatizar a importância da vibração, ritmo e outros aspectos da música que transcendem a audição, oferecendo uma perspectiva única sobre a experiência de vida das pessoas surdas.
Desconstrução de Estereótipos:

Autores podem estar buscando desafiar estereótipos e preconceitos relacionados à surdez ao abordar o tema do "silêncio". Ao destacar a riqueza e diversidade das experiências surdas, eles podem contribuir para uma compreensão mais ampla e inclusiva.
Expressão Artística:

Os autores podem estar explorando a surdez como uma forma de expressão artística, utilizando a literatura e a música como meios para transmitir mensagens e emoções. Isso pode ser uma tentativa de ampliar a compreensão do público em relação à surdez.
É importante considerar as intenções do autor, bem como como as pessoas surdas são representadas nas obras. Embora autores ouvintes possam contribuir para a conscientização e compreensão da surdez, é crucial também dar espaço para vozes surdas na literatura, proporcionando uma representação mais autêntica e diversificada das experiências dessa comunidade.
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Re: Forum de Discussão

por Ana Carolina Borges Castro -
Concordo. Quando autores ouvintes abordam a surdez em suas obras, a inclusão do termo "silêncio" e da música pode ser motivada por diversas razões. O "silêncio" pode ser usado como metáfora para explorar isolamento ou busca por conexão. A presença da música na história de pessoas surdas pode ampliar a compreensão sensorial, destacando aspectos vibracionais e de ritmo. Também pode desafiar estereótipos, oferecer expressão artística e contribuir para uma compreensão mais ampla da surdez. No entanto, é essencial dar voz às experiências surdas reais, permitindo uma representação autêntica e diversificada na literatura.
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Re: Forum de Discussão

por ALINE DEISE DE SANTANA OLIVEIRA -
Cara colega Adaci, amei sua colocação! você abordou detalhes que na minha opinião os autores deixaram nas entrelinhas para chamar atenção dos leitores e atrai-los para o mistério do silencio!
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Re: Forum de Discussão

por EMILLY DE SOUSA MEDEIROS -
Os autores ouvintes exploram a temática da surdez em seus livros ao utilizar o termo "silêncio" e incorporar música na narrativa de pessoas surdas. Essa abordagem pode servir como uma metáfora para questões mais amplas, como isolamento e busca por conexão, além de possibilitar a exploração da experiência sensorial, destacando elementos como vibração e ritmo. A presença da música também pode desafiar estereótipos associados à surdez, contribuindo para uma compreensão mais abrangente e inclusiva. Além disso, os autores podem utilizar essa temática como expressão artística, buscando transmitir mensagens e emoções de maneira única. No entanto, é fundamental considerar as intenções do autor e garantir que as representações da surdez sejam autênticas, destacando a importância de incluir vozes surdas na literatura para uma compreensão mais genuína e diversificada das experiências dessa comunidade.
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Re: Forum de Discussão

por Paulo Henrique Tomas Campos -
Os escritores ouvidores investigam a ponto da surdez em seus livros ao empregar a palavra "silêncio" e ajuntar a música na descrição de pessoas surdas. Essa aproximação pode servir como uma metáfora para questões mais desenvolvidas, como isolamento e busca por conexão, além de viabilizar a exploração da experiência sensorial, destacando elementos como vibração e pulsação.
A palavra "silêncio" pode ser empregada como uma metáfora para pesquisar temas mais amplos, como isolamento, ignorância ou a busca por conexão. Escritores podem utilizar o silêncio como símbolo para expressar experiências emocionais e sociais relacionada à surdez.
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Re: Forum de Discussão

por Andiara Salgado -
O tema música e surdez olhado de maneira superficial vem carregado de inúmeras
polêmicas, pelo fato de ser visto pelo senso comum como um paradoxo, pois se levarmos em
consideração que “a música é uma linguagem artística, culturalmente construída, que tem
como material básico o som” (PENNA, 2012, p. 24), logo observaríamos que a música não
teria uma ligação direta com a surdez, pois segundo Quadros (2004, p. 10), a surdez é a
“diminuição da acuidade e percepção auditiva que dificulta a aquisição da linguagem oral de
forma natural”. Por isso, aparentemente essa relação se mostra impossível, pelo fato do Surdo
não poder ouvir o som que é a matéria prima da música, e que se opõe ao silêncio
(SCHAFER, 1991).
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Re: Forum de Discussão

por Gilmara Pereira da Costa -
Os autores ouvintes exploram a temática da surdez em seus livros ao utilizar o termo "silêncio" e incorporar música na narrativa de pessoas surdas. Essa abordagem pode servir como uma metáfora para questões mais amplas, como isolamento e busca por conexão, além de possibilitar a exploração da experiência sensorial, destacando elementos como vibração e ritmo. A presença da música também pode desafiar estereótipos associados à surdez, contribuindo para uma compreensão mais abrangente e inclusiva. Além disso, os autores podem utilizar essa temática como expressão artística, buscando transmitir mensagens e emoções de maneira única. No entanto, é fundamental considerar as intenções do autor e garantir que as representações da surdez sejam autênticas, destacando a importância de incluir vozes surdas na literatura para uma compreensão mais genuína e diversificada das experiências dessa comunidade.
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Re: Forum de Discussão

por Adriana Maria dos Santos Soares -
Os autores ao abordar em sua literatura a temática ' silencio" e incluir a música, acredito que estes em princípio buscam desmistificar o preconceito posto pela sociedade que a música não faz parte da vida da pessoa sura. Buscam quebrar paradigmas, em razão da pessoa surda sentir a vibração de elementos sonoros. O termo "silêncio", também podemos fazer uma leitura de uma metáfora, no sentido do surdo sentir0se sozinho, muitas vezes devido a falta de informação e acessibilidade nos mais diversos espaços acaba sendo incompreendido. Vale ressaltar que a música pode desenvolver um leque de aprendizado na vida da pessoa surda como por exemplo a própria experiência sensorial, vibração e ritmo. Os mesmos podem estar tendo um olhar empático e buscando trazer esta contextualização para incluir de uma forma mais ampla a pessoa surda no mundo sonoro, mesmo sabendo e reconhecendo suas limitações.
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Re: Forum de Discussão

por Rejane Moreira da Costa Costa -
Corroboro com o seu pensamento Adriana Maria dos Santos Soares "Os autores ao abordar em sua literatura a temática ' silencio" e incluir a música, acredito que estes em princípio buscam desmistificar o preconceito posto pela sociedade que a música não faz parte da vida da pessoa sura. Buscam quebrar paradigmas, em razão da pessoa surda sentir a vibração de elementos sonoros". Existem pessoas surdas que são altamente musicais e que adoram a música.
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Re: Forum de Discussão

por Antonia Alves da Silva Silva -
concordo ....isso mesmo colega , o fato dos elementos sonoros repassar uma boa vibração que podem de alguma forma despertar o interesse dos surdos de acordo com o contexto explorado .
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Re: Forum de Discussão

por Maria Luiza Carlos da Silva -
Muito bem colocada em suas palavras Adriana Maria, em Recife existe o Instituto Inclusivo Sons do Silêncio que surgiu com foco no ensino da música com instrumentos de sopro para surdos. Hoje, abre as portas para qualquer pessoa com deficiência. A frente do projeto está o músico e pedagogo Carlos Alberto Alves, visando que o surdo “é capaz de qualquer coisa”.
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Re: Forum de Discussão

por PRISCILA DOS SANTOS -
Concordo com você. Principalmente a parte em que buscam quebrar o preconceito em relação a pessoa surda e a música.
Em um dos seus livros (Textos e contextos artísticos e literários tradução e interpretação em Libras) Natalia Rigo, traz alguns depoimentos de pessoas surdas que adoram estar em contato com a música. Desde o sentir a vibração até a parte de participar dos processos de tradução e/ou interpretação.
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Re: Forum de Discussão

por Luana de Jesus Felix Sousa -
Achei muito interessante o livro o Silêncio de Júlia, por que livro encontrei para ler, Júlia por ser surda ela quer usar a Libras para conversar com seu colega que é ouvinte porém ele de início não quer contato rejeitando-a, mas ela insiste até eles manterem contato. Na minha opinião o autor ver as pessoas surdas como uma pessoa que pode se comunicar porém sem as palavras, só com os gestos, em relação as músicas acredito que der mas vida na história.
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Re: Forum de Discussão

por Natalice Melo -
Como muitos colegas comentaram, acredito que os autores ouvintes ao utilizar a palavra ''silencio'' e incluir a música em suas obras seja uma forma de diminuir o preconceito posto pela sociedade, onde surdos não ouve, então para que músicas?
Já a palavra silencio presente em diversas obras da cultura surda, seja uma metáfora, retratando como o surdo se sinta muitas vezes sozinho, isolado e incompreendido no meio em que vive, sabemos que ainda há muita desinformação e acessibilidade para a sua total inclusão.
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Re: Forum de Discussão

por Elineide FERNANDES -
Ao abordar essa temática, os autores ouvintes já trazem consigo uma questão cultural diferenciada que é a sua experiência enquanto ouvintes. Falar da vivência surda sem vivenciar de fato o que o "silêncio" em sua plenitude representa nos chama a ter um olhar mais empático para com o outro que tem muitas questões e pontos de vista a serem explorados. Colocar fatores que aparentemente são do mundo e cultura ouvintes em um contexto surdo evidencia o quão limitada a nossa percepção é. O surdo tem a capacidade de sentir a vibração da música, assim como também consegue fazer com que o silêncio tenha muita voz, pois não depende da comunicação oral para se fazer ser compreendido. São questões aparentemente simples, mas que se analisadas sob uma perspectiva mais minuciosa, trazem a reflexão de que a palavra "silêncio" e a inserção da música na história são apenas metáforas de uma vivência que necessita e tem muito mais a ser explorada.
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Re: Forum de Discussão

por Francisca Martins de Souza -
Os autores ao abordar em sua literatura a temática ' silêncio" e incluir a música, acredito que estes em princípio buscam desmistificar o preconceito posto pela sociedade que a música não faz parte da vida da pessoa surda, Como já foi comentado, acredito que os autores ouvintes ao incluir a música em suas obras seja uma forma de chamar atenção da sociedade, para se pensar em uma forma de incluir esses consumidores neste mercado, já a palavra silêncio presente em diversas obras da cultura surda, seja uma metáfora, com slogan bem grande “música pra que se não podemos te ouvir” porém é um mercado com grande potencial.
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Re: Forum de Discussão

por MARILENE DOS SANTOS OLIVEIRA SILVA -
O tema "silêncio" é apresentado contudo diversos ouvintes não fazem ideia do que é viver nele. Os autores dos livros conseguiram perceber de verdade a essência do silêncio; a dificuldade dos surdos por falta de pessoas interessadas em sua cultura, língua e arte. Apresentaram a música para os surdos poderem ouvir com o corpo, na verdade é um presente para a comunidade surda sentir a música, é a linguagem musical por meio das vibrações. O livro O Silêncio de Júlia é fantástico, uma linguagem tão simples e sincera que conseguir sentir e viver o silêncio de Júlia enquanto lia e ouvia a história.
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Re: Forum de Discussão

por Juliana Nascimento de Jesus -
Muitas vezes escrita por autores surdos, oferece uma perspectiva única sobre a experiência surda, destacando a cultura, identidade e desafios enfrentados pelas pessoas surdas. A inclusão da música nas histórias pode ser uma maneira de expressar as narrativas para ouvintes e/ou ensurdecidos, desafiando percepções convencionais e destacando a diversidade cultural e individual dentro da comunidade surda. Cada autor pode ter motivações diferentes para incorporar elementos musicais em suas obras, refletindo suas próprias experiências e perspectivas únicas.
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Re: Forum de Discussão

por JOSÉ Fernandes Barbosa -
Alguns autores ouvintes que exploram o tema do silêncio para surdos podem ter diferentes perspectivas sobre as pessoas surdas. Alguns podem abordar a surdez como uma experiência única, enquanto outros podem projetar suas próprias interpretações. A inclusão da música na narrativa pode ser uma maneira de expressar a complexidade e riqueza da experiência auditiva, mesmo para aqueles que não podem ouvir no sentido convencional. No entanto, é importante reconhecer que a representação de pessoas surdas na literatura pode variar e ser influenciada pelas visões e preconceitos individuais dos autores.
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Re: Forum de Discussão

por Rejane Moreira da Costa Costa -
Bom dia a todos e todas!

Autores ouvintes ao abordarem o tema da surdez, podem ter diferentes motivações, visões e perspectivas. O som é muito importante para o ouvinte, isto posto os autores podem levar essa visão ouvintista para suas obras. Entretanto temos pessoas surdas que são altamente musicais e que gostam de música o que mostra a importância da acessibilidade para todos e todas sem excessão. Podemos ler e pensar o silêncio de diversas formas inclusive quando nos sentimos sozinhos quando literalmente ninguém quer saber dos nossos anseios, desejos e pensamentos. A Libras é libertadora.
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Re: Forum de Discussão

por Cícero Gonçalves de Meneses -
Autores ouvintes abordam o tema da surdez em suas obras, e com isso eles podem ter como motivações: Incluir o termo silêncio e música e por meio de metáforas, símbolos. Autores podem utilizar o silêncio como símbolo para expressar experiências emocionais e sociais associadas à surdez. O termo "silêncio" pode ser usado como uma metáfora para explorar temas mais amplos, como isolamento, incompreensão ou a busca por conexão. Autores podem utilizar o silêncio como símbolo para expressar experiências emocionais e sociais associadas à surdez.
Exploração da Experiência Sensorial: A inclusão de música na história de pessoas surdas pode ser uma maneira de explorar a experiência sensorial. O uso de símbolos e metáforas ajudam a compreensão dos surdos. O trabalho com o sensorial é de suma importância para que o surdo compreenda certa comunicação.
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Re: Forum de Discussão

por Neurismar Coutinho dos Santos -
Embora Júlia fosse uma criança feliz, ela era solitária porque não ouvia o canto dos pássaros, pois ela era deficiente auditiva. Já o Silencioso mundo Flor, fala sobre A vida de uma Flor silenciosa, até que seu amigo a transporta para o mundo dos instrumentos musicais e, através deles, ela conhece as diferentes sensações desses objetos. A partir daí, um universo de barulhos se abre para a jovem menina. Em Daniel no mundo do Silêncio, depois de perder a audição, Daniel teve de aprender a se comunicar de outra maneira: com as mãos. Mas nem todos entendem a língua de sinais. Ao ingressar na escola regular, o menino não consegue acompanhar as aulas e acaba excluído pelos colegas, tendo que enfrentar muitas barreiras. Acredito que são vistos como sendo excluídos, tendo seus direitos desrespeitados, além de serem discriminados e tratados de maneira desumana, pelo simples fato de não conseguirem escutar assim como os ouvintes. Eles colocam músicas pelo o simples fato de que mesmo que não seja possível ouvir os sons, o surdo é capaz de sentir uma vibração, e com isso, conseguir expressar-se musicalmente.
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Re: Forum de Discussão

por Maria Luiza Carlos da Silva -
A empatia na sensibilidade da escrita dos autores ouvintes de forma inclusiva e gerar uma igualdade a integração. Buscando a leitura como forma de socialização entre ouvintes e surdos. Percebo que os autores na sua empatia buscam mostrar a linguagem da comunidade e das pessoas surdas, que a LIBRAS é a língua de sinais dos surdos que podem se comunicar e trabalhar como qualquer outra pessoa. Como sabemos os surdos eram tratados como loucos, tinham que aprender a falar. As histórias escritas o “silêncio” traz reconhecimento e fortalecimento da língua Brasileira de Sinais, a música como forma sensorial das pessoas surdas poderem se conectar com a cultura.
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Re: Forum de Discussão

por Deyse Inácio -
Percebo que os autores ouvintes que não se apropiaram a respeito da língua como também da cultura surda ao escreverem seus livro pode ser observável a falta desse conhecimento em suas escolhas principalmente nos termos como: gestos, linguagem e não língua, de quem não consegue falar, pelo contrário, utilizam-se de outra língua, a Libras. E também o fato dessa ligação entre a música e o silêncio, vem retratar um relação biomédica da sociedade em normatizar um padrão de normalidade e os que não se enquadram nesssa cultura majoritária ainda necessitam ser consertados. Pelo contrário, os autores ouvintes deveriam se apropriar da culturasurda para então escrever a partir da perspectiva de quem está dentro dela, mas que na verdade o melhor para este propósito é propria pessoa surda que tem mais propiedade para escrevre sobre.
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Re: Forum de Discussão

por ROSANA XAVIER DE OLIVEIRA -
A inclusão de música nas histórias de pessoas surdas pelos autores ouvintes pode ser uma tentativa de criar um elemento artístico na narrativa, mas também pode refletir uma falta de compreensão completa da experiência surda. A música, frequentemente associada ao som, pode parecer contraditória quando inserida em histórias sobre surdos, pois a comunidade surda muitas vezes se expressa através da língua de sinais e outras formas visuais de comunicação.
É importante reconhecer que, para uma representação mais precisa e respeitosa da cultura surda, é fundamental incluir as vozes e perspectivas da própria comunidade surda na produção literária. Autores surdos têm uma compreensão mais profunda das experiências vividas e podem oferecer narrativas mais autênticas e inclusivas. Dessa forma, promove-se uma representação mais fiel da diversidade e riqueza da comunidade surda.
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Re: Forum de Discussão

por Wesley Castro -

A questão é que autores ouvintes escreveram sobre o termo silêncio para surdos.

Como os autores vêem as pessoas surdas?

Por que eles colocaram música na história de pessoas surdas?

Dê sua opinião.


Da perspectiva ouvinte o silêncio é sempre associado a uma ausência de fala, por consequência a uma falta de comunicação (Pinheiro. 2019).  Dessa forma, para o ouvinte que exterioriza seu pensamento através da comunicação oral o silêncio seria algo aterrorizante, por isso a questão do silêncio seja comumente abordada em obras escritas por ouvintes que visem público surdo.

Quase sempre o surdo é visto do ponto de vista clinico, como alguém que falta algo, simplesmente uma pessoa deficiente. (Gesser. 2021). Um ponto que reforça essa questão aconteceu no congresso de Milão, em 1880, onde a língua de sinais foi considerada inferior à língua falada e por isso o surdo deveria ser oralizado. Apesar de ter acontecido a mais de 100 anos, os impactos dessa decisão perdura até hoje, aumentando ainda mais a visão deturpada que o ouvinte possui sobre o surdo. “Somente em julho de 2010, no 21º Congresso Internacional de Educação de Surdos (sediado em Vancouver, Canadá) houve uma votação formal e todas as oito resoluções do Congresso de Milão foram rejeitadas.” (Cristiano. 2017).

Como falado no primeiro parágrafo, o silêncio é algo que assusta o ouvinte, dessa forma a inserção do tema, musica, em obras seja uma tentativa de amenizar esse desconforto. Podemos perceber que esse tema perpassa obras escritas adentrando em obras áudio visuais, como no filme o som do silêncio de 2019. 

Outra possibilidade é que ao inserir a música em suas obras o autor creia que estará deixando a obra mais inclusiva, que ao mostrar que o surdo ao entrar em contato com a música, seu silêncio é quebrado, e assim possa interagir com a sociedade ouvinte de uma maneira completa.

Em ambos os casos o surdo é sempre visto de uma maneira incompleta, como uma pessoa que está isolada da sociedade, perdida em seu mundo silencioso. 

Referências:

CRISTIANO, Almir. O Congresso de Milão. 2017. Disponível em: https://www.libras.com.br/congresso-de-milao. Acesso em: 11 dez. 2023.

GESSER, Audrei. LIBRAS?: que língua é essa?. São Paulo: Parábola Editora, 2021. 87 p

PINHEIRO, Marina Lara de Moraes. Sobre silêncios e sua comunicação. 2019. Disponível em: https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/sobre-silencios-e-sua-comunicacao/. Acesso em: 11 dez. 2023.


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Re: Forum de Discussão

por Sandra Oliveira de Moura Medeiros -
Caros colegas e professores,
Sobre todos os autores abordarem a palavra silêncio no título, acredito que seja para instigar o leitor a pensar sobre como é viver no silêncio. Levando em consideração que viver no silêncio , vai muito além da conversação. Significa também não ouvir os sons ao nosso redor, como os sons da rua, da natureza, etc. Ao falar sobre a música os autores colaboram para a desmistificação de que a música não é para os surdos. Fato que está muito longe da realidade, visto que, muitos surdos amam a música.
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Re: Forum de Discussão

por Júlio Andrioni -
Nossa!! Quanto aprendizado com as colocações dos colegas de curso, maravilha!!! Fiquei meditando e tentando acrescentar algo, diante de tantas opiniões edificantes, então em poucas palavras para não fugir do meu raciocínio, acredito também que a música para muitos ouvintes pode parecer sem sentido, entretanto eu já fui em festas (bailes) da associação de surdos e todos dançavam alegre e incansavelmente. Jovens adoram as batidas modernas, os antigos tem seus passos de danças e ritmos consolidados através destas batidas bem estridentes nas caixas de som. Pode até nao fazer parte da cultura surda (ou faz!), mas que faz parte da rotina de muitos, ah isto faz. Numa escola que trabalhei havia na disciplina de música, muitos instrumentos. A Prof dava um pra cada aluno inclusive o aluno surdo que eu mediava. Era só alegria no rosto desta criança, emocionante! Sobre o SILÊNCIO, infezlimente, no meu ponto de vista, me faz lembrar das lutas, dos preconceitos, das amordaças nas mãos, dos tempos difíceis de proibição do ensino aprendizado de Libras. Mas a quebra do silêncio foi vencida pelos movimentos surdos, nos congressos pelo mundo afora! Agora, só falta a Escola Bilíngue!!! Att, JC
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Re: Forum de Discussão

por Daniane Pereira -
Incorporar música na vida de personagens surdos desafia as percepções tradicionais sobre deficiência e capacidades. Isso pode destacar a riqueza e a diversidade das experiências humanas, incentivando os leitores a repensarem suas próprias ideias preconcebidas sobre a surdez e a maneira como as pessoas lidam com suas diferenças sensoriais.
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Re: Forum de Discussão

por DEYSE NEGREIROS DE OLIVEIRA -
Os autores ouvintes trabalham a surdez em suas escritas, utilizando a palavra silêncio no intuito de incluir a música em suas obras, no intuito de buscar diminuir a visão errônea sobre a temática, ou seja, sobre o preconceito que se ver em relação aos surdos, mais precisamente sobre os surdos ouvirem músicas. Os autores vêem as pessoas surdas como capazes de ouvir músicas e se divertirem a seu modo. A música já existe com a finalidade de animar, de divertir e deixar os dias das pessoas mais leves, independente de suas condições físicas.

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Re: Forum de Discussão

por Rosânia Gregória da Silveira -
O "silêncio" evidenciado pelos autores se deve ao fato de que as pessoas surdos não ouvem, apesar de que alguns ouvem ruídos ou alguns sons. já sobre a música acredito que os autores quiseram mostrar que mesmo sem ouvir a musica igual os ouvintes, eles sentem vibrações e podem acompanhar seu ritmo.
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Re: Forum de Discussão

por Leidiane Bessa -
Como todo texto literário as metáforas surgem como uma figura de linguagem para fazer comparações por semelhança. O silêncio pode fazer referência a amparar ou violentar, além de despertar reflexões, entendimento sobre solidão, vazio, dor ou tristeza. Então, podemos considerar que os autores, ao escrever sobre surdez, possivelmente optaram em utilizar a palavra "silêncio" com intuito de trazer essas adjetivações à descrição de pessoas surdas (do universo surdo). Concordo com o que Luana de Jesus Felix Sousa sobre utilizar música traz o aspecto de mostrar mais vida na história; e nos ajuda a ampliar a compreensão de que a música pode sim fazer faz parte da vida da pessoa surda.
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Re: Forum de Discussão

por Sebastiana Adriana Miguel Pereira -
Na minha opinião, os autores podem ver as pessoas surdas como tendo uma experiência única de comunicação e expressão, mas talvez não compreendam completamente a perspectiva surda. Eles podem ter incluído música na história para tentar transmitir uma experiência sensorial diferente e expressar a emoção ou conexão com o mundo sonoro de uma maneira que os ouvintes possam entender. No entanto, é importante que os autores ouvintes tenham cuidado ao retratar a cultura e a experiência das pessoas surdas, levando em consideração as perspectivas e vozes da comunidade surda.
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Re: Forum de Discussão

por Maria Jucineide de Souza -
São informações que possuem pouco alcance e pouco interesse ao grande público, existem muitos mitos e preconceitos em torno de qualquer tipo de deficiência. Deve-se sempre ter em mente que qualquer pessoa com qualquer tipo de deficiência é completamente capaz e possui potencial para praticar e viver experiências que pessoas sem deficiência também vivem.
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Re: Forum de Discussão

por Rebeca Henrique -
Para os autores ouvintes que produzem este tipo de material a vivência com relação ao "mundo do silêncio" é diferente, pois a perspectiva de silêncio é completamente diferente. Como retratar o silêncio se é algo desconhecido? Então, o uso de termos como este pode ser visto como metáfora para quebrar o paradigma de que a música não faz parte da cultura surda.
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Re: Forum de Discussão

por izaela rodrigues -
são muitas as indagações que poderiam ser percebidas, algo que acontece em silêncio e de certa forma encantador/assustador tem um misto de emoção e enigmas trazidos pelos atores surdos nas histórias apresentadas, por quer não ter músicas?
quero aproveitar para indicar o filme "um lugar silencioso" na Netflix, filme ganhador do Oscar em seu país .
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Re: Forum de Discussão

por FRANCISCO RENER DA SILVA SILVA -
Parafraseando Vygotsky que trata a linguagem o principal fator para a aprendizagem no qual o conhecimento é construído na interação entre o homem e o mundo e que o professor e o aluno são os objetos essenciais nessa cooperação, visto que, a linguagem tenta explicar de que modo o ser humano parte de um estado para outro sem qualquer forma de expressão verbal e naturalmente sem a necessidade de aprendizagem formal, incorporando a língua de sua comunidade nos primeiros anos de vida, adquirindo um modo de expressão e de interação social.

Embora não se tenha unanimidade sobre quais dessas teorias contemplam a aquisição da língua de sinais, sabe-se que deste estudo se pode compreender o desenvolvimento do ser humano em suas relações comunicativas e expressivas.

Antagônico a esse pensamento, houve um tempo em que o sujeito surdo era tratado como um ser “doente” ou “anormal”. Como esclarece Lane (1992) a respeito das representações dos surdos, a surdez não é um privilégio para a sociedade porque os surdos não podem apreciar músicas, nem participarem numa conversa, não ouvem anúncios ou utilizam o telefone, “o sujeito surdo anda à toa, parece que está numa redoma; existe uma barreira entre nós, por isso o surdo está isolado”.

Entendemos que a musicalidade possibilita uma educação sensorial pelas vibrações dos sons através da pele, no qual a música pode ajudar em vários processos do desenvolvimento infantil, inclusive da criança surda, desde que esta ferramenta seja utilizada de forma correta.

A música ajuda no desenvolvimento geral e em varias áreas do cérebro, como coordenação motora, por exemplo. Com base neste e em outros benefícios que a música proporciona é que é defendido o ensino da música nas escolas de educação básica, de modo que seja inserida no currículo escolar e faça parte do cotidiano dos alunos. De acordo com Souza (2010, p.98): “As crianças quando brincam ou interagem com o universo sonoro, acabam descobrindo mesmo que de maneira simples, formas diferentes de fazer música.”

Portanto os benefícios trazidos pela música a crianças ouvintes também são proporcionados a crianças surdas se trabalhados de maneira correta, atentando para a percepção corporal do surdo, trazendo descontração, coordenação motora, trabalho em equipe entre outros benefícios da musicalização infantil.
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Re: Forum de Discussão

por Antonia Alves da Silva Silva -
Júlia apesar de não falar com palavras mas fala direto com gestos e movimentos demostrando o que deixa ela feliz, fica ansiosa ao saber do novo vizinho, trata de fazer uma nova amizade ,é aos pouco demostra sua personalidade refazendo linda amizade com André usando a linguagem de sinais.
Já Theo e Flor eram sem som ,mas eles juntos faziam varias atividades juntos ,também com gestos e movimentos das batidas para expressar as emoções para compreender a linguagem do coração, ela gostava demais do amigo .Já Daniel não consegui entender os gestos da colega Viviane ao passear pelas ruas com o transito a todo vapor da cidade grande, ele ainda estava se adaptando aquelas linguagem de sinais , então pessoal podemos se adaptar as pessoas de acordo com a suas necessitas , tudo vai melhorar com a pratica.
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Re: Forum de Discussão

por Marcus Yuri Brito Duarte -

Surda pode ver a música através de posições dos dedos, postura e formatos da boca. alunos processarem o que você está dizendo antes de fazer alguma demonstração ou pedir para que eles toquem. qualquer coisa que você tocar antes de começar e talvez pergunte à criança se ela gostaria que você a ajude durante a música.

Existe um explicação lógica: a música não faz parte da cultura surda, mas está presente no dia-a-dia dos surdos. A música culturalmente é criada por e para um público ouvinte, entretanto ressalta-se que os surdos vivenciam e presenciam situações musicais durante toda a vida.

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Re: Forum de Discussão

por WANIA BARROS PEREIRA DA SILVA -
Acredito que a razão dos autores abordarem a ênfase no contexto do "silêncio" , seja uma forma reflexiva sobre a perspectiva do viver no silêncio. Uma realidade de lutas e desafios, mas que são superados pela cultura surda em suas diversidades culturais.

A musicalidade é uma realidade em boa parte da vivencia surda, através das vibrações, ritmos e pela tradução das musicas pelo interprete, participam de vários tipos de eventos musicais, teatrais...

Tenho um amigo professor e pastor surdo e quando louva a Deus, é emocionante de ver a leveza corporal que transmite a letra da musica em sinais, através das percepções vibratórias e rítmicas dos instrumentos.

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Re: Forum de Discussão

por Gilmara Santana de Souza Freire -
Os autores podem ter feito uma alusão ao silêncio como uma forma de sensibilidade além do que os nossos ouvidos possam captar. Uma forma de interação de diversas maneiras de expressão. É uma metáfora daquilo que se pode ouvir e sentir. Os sentidos humanos não podem ser medidos apenas por um único viés. A experiência sensorial é necessária à imaginação e criatividade.
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Re: Forum de Discussão

por JEREMIAS DA CRUZ -
Autores ouvintes podem ter diversas perspectivas sobre pessoas surdas, influenciadas por suas próprias experiências, conhecimentos e preconceitos. Algumas abordagens podem refletir compreensão e empatia, enquanto outras podem perpetuar estereótipos ou visões limitadas sobre a surdez.
O termo "silêncio" pode ter diferentes conotações e simbolismos. Para pessoas surdas, o conceito de silêncio pode se manifestar de maneiras diversas, não apenas relacionado à ausência de som, mas também em relação à comunicação e à experiência do mundo ao seu redor. Autores podem usar esse termo para explorar as complexidades da surdez e desafiar as percepções convencionais.
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Re: Forum de Discussão

por Natália Cavalcanti Mendes -
O trabalho de Pierre Coran e Mélanie Florian são complementares, assim como Júlia e André, os protagonistas. Essa relação entre pares, com expressões diversas: a escrita, o desenho, a fala, os sinais, se incorporam para cristalizar o silêncio. O silêncio se torna palpável, permeável. Todos se tornam outros após essa jornada.

Os mundos, antes diferentes e distantes, são demarcados temporalmente e espacialmente pela narrativa que, progressivamente, vai aproximando-os. É uma questão de tempo para a abertura das sensibilidades. Apesar da escrita ser instintivamente visual, as ilustrações partem para uma hiperbulia, não repetem o que está dito, abrem outros mundos. Palavras e desenhos chocam este terceiro mundo, que deveria ser o primeiro e único.
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Re: Forum de Discussão

por Natália Cavalcanti Mendes -
Abordagem em um assunto delicado de uma maneira chamativo, bem educativo.
Mostra para as crianças que apesar de suas diferenças, elas podem sim ser amigas e brincar juntas.
A história aborda a vida de Julia, uma criança surda, que fica animada ao perceber a presença de uma criança nova na vizinhança.
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Re: Forum de Discussão

por Jesildo Nascimento Barbosa -
Em resposta cito, o magnífico ponto de vista de meu colega de curso, Paulo Henrique Tomas Castro que, cita "os escritores ouvidores investigam a ponto da surdez em seus livros ao empregar a palavra "silêncio" e ajuntar a música na descrição de pessoas surdas. Essa aproximação pode servir como uma metáfora para questões mais desenvolvidas, como isolamento e busca por conexão, além de viabilizar a exploração da experiência sensorial, destacando elementos como vibração e pulsação". E, Incorporar música na vida de personagens surdos desafia as percepções tradicionais sobre deficiência e capacidades. Isso pode destacar a riqueza e a diversidade das experiências humanas, incentivando os leitores a repensarem suas próprias ideias preconcebidas sobre a surdez e a maneira como as pessoas lidam com suas diferenças sensoriais.
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Re: Forum de Discussão

por MARIA CLEOCELIA PEREIRA DE MORAIS -
O curso tem sido maravilhoso, sou interprete do surdo aqui na minha escola, já aguardava por este curso e é um modelo bem esperado. O livros relatam experiências de pessoas surdas que enfrentam os desafios de uma comunidade majoritária ouvinte e a busca de descoberta significativa de uma pessoa Surda, em uma sociedade ouvinte. Quando eles estão em seu ambiente natural(comunidade surda), nada existe barreiras a socialização é eficaz e o mundo do ouvinte passa a ser diferente para ele, muito bom os livros , mas precisamos de livros produzidos pela comunidade surda.
A língua de sinais proporciona uma sensação de inclusão, autonomia e identidade cultural para a pessoa surda, permitindo que ela se conecte com outras pessoas surdas e tenha acesso a informações e conhecimentos de forma mais completa.
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Re: Forum de Discussão

por Erika da Costa cruz -
Ao assistir a história de Júlia uma menina surda que tem amigo ouvinte, no decorrer a narração tem fundo musical penoso, triste, relata que o jardim da menina é o paraíso , porém ela não podia ouvir os sons da natureza. Bem essa é a ideia de uma pessoa ouvinte, que sente pesar por outra pessoa não poder escutar. Sendo que para surdo, a experiência auditiva eles não possuem, então não faz falta. Eles apreciam de outra maneira, olhando, sentindo, percebendo os detalhes de cada coisa que passa na frente de seus olhos atentos e espertos. Privilégio de surdos, pois as pessoas ouvintes não tem a mesma percepção visual que os surdos.
A mesma coisa ocorre na história de vida de Flor e Téo . Onde o texto já começa destacando a vida silenciosa da menina e o mundo barulhento do menino Teo . Como se a questão do silêncio fosse algo triste, sendo que na verdade o que ocorre é a falta de acessibilidade as diversas experiências , que poderiam ser vividas se as crianças tivessem acesso a todas essas vivências , poderia ser na escola, mas foi com amiguinho. Não é porque a criança é surda que ela não possa experimentar coisas novas , afinal o sentir é bem melhor. Como os sentimentos , amor , tristeza e assim por diante. Não precisamos de palavras quando sentimos emoção.
Enfim, acredito que os autores veem a surdez na sua visão enquanto sujeitos ouvintes, como se fosse algo indispensável, que impedisse as pessoas de serem felizes, muitas das vezes nem sabem e nem convivem com pessoas surdas, não sabem que os surdos tem seus costumes, uma comunidade linda ,rica de cultura, jeito de ver o mundo, sentir, experienciar as coisas da vida. Eu sou fascinada pela cultura surda, e vejo que a principal barreira e o desconhecimento sobre a surdez e a falta de acessibilidade da sociedade , já que os surdos são nossos irmãos ,brasileiros, pessoas com muita capacidade em tudo que se propõem a fazer.
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Re: Forum de Discussão

por Thaiana Ferreira dos Santos -
O termo silêncio quando utilizado por um autor ouvinte representa o simbolismo da comunidade surda . Apesar de estarem num mundo não auditivo , sua comunicação e expressão é possível . O termo adotado neste caso, ao meu ver , não expressa um aspecto negativo, mas condições de possibilidades referente a condições específicas , como na situação de uma pessoa surda que vive no silêncio. Os autores vêem os surdos com um olhar empático, pois , mesmo aludindo a condição da falta da audição, fadados ao silêncio, as representações explícitas nas obras denotam grandes feitos e realizações dos protagonistas surdos .
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Re: Forum de Discussão

por MAEBY GOMES BUOSI -
A meu ver, o silêncio abordado por autores ouvintes se refere a algo mais amplo. Em outros termos, a temática silêncio está vinculada a questões subjetivas como emoções geradas pelo isolamento causado pelas barreiras comunicativas. A música, nesse contexto, pode ser vivenciada de outras maneiras que, muitas vezes, foge à compreensão da pessoa ouvinte. Na minha opinião, a musicalidade pode ser sentida por movimentos e vibrações, características essas que independem da percepção auditiva.
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Re: Forum de Discussão

por ALESSANDRA BATISTA ANTONIO -
Eu acredito que os autores vêem as pessoas surdas como pessoas que tem direito a se divertir e também de sentir prazer e como a música é algo que nos dá prazer e o surdo vive no silêncio eu acredito que os autores gostariam que os surdos também tivessem acesso a música.
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Re: Forum de Discussão

por Marineide Gerônimo Felix -
Os autores mencionados, Pierre Coran, Melanie Florian, Cecília França e Walcyr Carrasco, ao escolherem títulos que incluem a palavra "Silêncio" em suas obras, demonstram uma abordagem que vai além da percepção auditiva convencional. A escolha desse termo sugere uma exploração mais profunda da experiência dos personagens surdos, destacando não apenas a ausência de som, mas também possíveis nuances e complexidades associadas à surdez.

A inclusão de música nas histórias voltadas para pessoas surdas pode ser interpretada como uma tentativa de transcender as barreiras sensoriais, proporcionando uma experiência sensorial alternativa e explorando a conexão emocional que a música pode oferecer. Isso sugere uma abordagem inclusiva, reconhecendo que a apreciação da música não está restrita apenas à audição, mas pode ser apreciada e experimentada de maneiras diversas.

Quanto à representação das pessoas surdas pelos autores ouvintes, é possível que essa escolha esteja relacionada à intenção de criar uma ponte entre as experiências das pessoas surdas e aquelas que têm a capacidade auditiva. Essa abordagem pode ser interpretada como uma forma de sensibilizar os leitores para a riqueza e diversidade das experiências surdas, promovendo a compreensão e a empatia. No entanto, é crucial considerar a necessidade de incluir vozes e perspectivas de autores surdos para uma representação mais autêntica e inclusiva das experiências dessa comunidade. O diálogo intercultural e interdisciplinar é fundamental para enriquecer as narrativas sobre surdez e garantir uma representação mais completa e precisa.
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Re: Forum de Discussão

por Alicia Maria De Souza Vieira -
E muito interessante histórias que retratam com palavras o mundo do silêncio para pessoas surdas, pós cada uma tem sua forma de interpretar o silêncio de forma única. Sendo assim os autores tentam retratar o mundo das pessoas surdas.
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Re: Forum de Discussão

por Maria Aparecida Gomes de figueiredo lacerda -
É usado como metáfora o silêncio para expressar a compreensão sensorial. A música usada em artes do silêncio representa e conecta o mundo surdo dentro das nossas culturas. A expressão artística também tem um papel importante de incluir a voz dentro das nossas poesias e histórias narradas usando nossas línguas surdas. Artistas buscam trilhas sonoras tendo como simbolizar nossa cultura envolvendo o silêncio daqueles que precisam ser ouvidos.
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Re: Forum de Discussão

por José Rodrigo Alecrim da França -
1: A visão dos autores sobre pessoas surdas pode variar amplamente com base em suas experiências pessoais, conhecimento e perspectivas individuais. Alguns autores podem retratar as pessoas surdas de maneira positiva, destacando sua cultura, línguas de sinais e habilidades, enquanto outros podem abordar desafios específicos que as pessoas surdas enfrentam.
2: A inclusão de música em uma história sobre pessoas surdas pode ter diferentes propósitos. Pode ser uma escolha artística para criar atmosfera e emoção na narrativa. Além disso, pode representar a experiência sensorial completa, já que as pessoas surdas podem sentir vibrações da música ou aproveitar a experiência visual e emocional associada a ela.
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Re: Forum de Discussão

por ERICK LEANDRO DA SILVA -
Obviamente e com base no que foi estudado, posso afirmar que isso ocorre por algo simples, porém complexo, que é a falta de informação. Nesses casos, os autores não possuem vivência e experiência visual pois são ouvintes e não estão atentos às informações e estudos da cultura surda e todas as ramificações que envolvem o ser surdo. Esse foco foi dado na aula principalmente para diferenciar a Literatura Surda e a Literatura em Libras, assim como as adaptações, traduções, criações ou apenas história com personagem surdo que não está caracterizada como uma obra da Literatura Surda ou em Libras.
Porém, pelo que eu pesquisei, existem vários livros escritos por autores ouvintes que abordam o tema da surdez, alguns deles com o título "Silêncio" ou algo parecido. Por exemplo, há o livro "Segredos e Silêncios na Educação dos Surdos", de Paulo Botelho, que discute a comunicação e a identidade dos surdos no contexto escolar. Há também o livro "Para além do silêncio: outros olhares sobre a surdez e a educação de surdos", de vários autores, que apresenta diferentes perspectivas sobre a cultura e a Língua de Sinais. E há o livro "Ouvindo o Silêncio: Educação, Linguagem e Surdez", de Rosana Glat, que analisa as políticas e as práticas educacionais voltadas para os surdos.
Acredito que esses autores usam o termo silêncio para surdos de forma metafórica, para expressar a ideia de que os surdos vivem em um mundo diferente dos ouvintes, que nem sempre os compreendem ou os respeitam. O silêncio pode ser visto como uma forma de exclusão, de isolamento, de negação da voz e da identidade dos surdos. Mas também pode ser visto como uma forma de resistência, de afirmação, de valorização da língua de sinais e da cultura surda.
Quanto à música para surdos, eu descobri que existem várias iniciativas que buscam tornar a música acessível e inclusiva para as pessoas surdas. Por exemplo, há o projeto Batuqueiros do Silêncio, que ensina percussão para surdos por meio de um metrônomo visual. Há também o Samba com as Mãos, que leva surdos para assistir ao carnaval e sentir a vibração da bateria. E há a Banda do Silêncio, formada por crianças surdas que tocam instrumentos musicais.
Eu acredito que esses projetos mostram que a música não é apenas uma questão de som, mas também de ritmo, de emoção, de expressão. Os surdos podem apreciar a música de diferentes formas, seja por meio de vibrações, seja por meio de intérpretes de Libras. A música pode ser uma forma de comunicação, de integração, de participação dos surdos na sociedade.
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Re: Forum de Discussão

por Layana Ferreira -
Os autores ouvintes ao explorar o tema da surdez em suas obras pode ser impulsionada por diversas motivações. Ao decidirem abordar esse tema, as obras demonstram um interesse em ir além das fronteiras de suas próprias experiências auditivas para explorar as complexidades e riquezas da vida das pessoas surdas. Além disso, ao incluir música em histórias sobre surdez pode ser uma forma de desafiar estereótipos e mostrar que a experiência musical não está limitada ao sentido da audição. Muitos surdos podem sentir a música através de vibrações, ritmo e movimento, e os autores podem usar essa inclusão para destacar formas não tradicionais de apreciação musical.
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Re: Forum de Discussão

por Vilmar Rodrigues -
Quando autores ouvintes abordam o tema da surdez em suas obras e utilizam a palavra “silencio”, acredito que estão utilizando a metáfora, já a utilização de música seria colocar todos ouvintes e surdos em uma mesma forma igualitária, ou seja não excluir e deixar claro que os surdos também podem sentir a música.
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Re: Forum de Discussão

por Jeysenei dos Santos Tapajós -
É interessante observar como autores ouvintes abordam o tema do silêncio e a experiência de pessoas surdas em suas obras. Ao escrever sobre o mundo dos surdos, esses autores podem oferecer diferentes perspectivas e interpretações. A música é frequentemente considerada uma forma de expressão artística universal que transcende as barreiras linguísticas e culturais. Ao incluir música nas histórias de pessoas surdas, os autores podem estar tentando destacar a beleza da expressão artística em diferentes formas, independentemente da audição. Ao inserir música em histórias sobre surdez, os autores podem estar desafiando as percepções convencionais sobre a capacidade das pessoas surdas de apreciar ou se envolver com a música. Isso pode servir como uma forma de questionar estereótipos e expandir a compreensão do público sobre as experiências das pessoas surdas. A música é uma poderosa ferramenta para evocar emoções. Ao incorporá-la nas histórias de pessoas surdas, os autores podem estar buscando explorar a riqueza das emoções e conexões humanas que vão além da audição. Isso pode ser uma maneira de destacar a diversidade das experiências emocionais dentro da comunidade surda. A inclusão da palavra "silêncio" nos títulos pode ser simbólica, representando não apenas a ausência de som, mas também a forma como a sociedade muitas vezes percebe a surdez. Ao explorar o silêncio, os autores podem estar buscando transmitir mensagens sobre comunicação, isolamento, aceitação e superação. A abordagem dos autores pode variar significativamente, refletindo suas próprias experiências, pesquisas e objetivos ao explorar o tema da surdez. Suas obras podem servir como veículos para promover a compreensão, a empatia e a conscientização sobre as complexidades da vida das pessoas surdas.
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Re: Forum de Discussão

por ROSANA XAVIER DE OLIVEIRA -
A presença do tema "silêncio" nos títulos dos livros e a inclusão de música nas histórias de pessoas surdas levantam questões importantes sobre como os autores percebem e representam as pessoas surdas em suas obras. Aqui está minha opinião sobre esses pontos:
Percepção das pessoas surdas pelos autores ouvintes:
É possível que os autores ouvintes tenham uma visão romantizada ou estereotipada das pessoas surdas, associando sua experiência sensorial ao conceito de "silêncio". Essa associação pode refletir uma percepção limitada ou superficial das experiências reais das pessoas surdas, que vão além da ausência de audição.
É importante ressaltar que as pessoas surdas têm suas próprias culturas, línguas (como a LIBRAS) e identidades, que não devem ser reduzidas apenas à falta de audição. Portanto, a representação das pessoas surdas nas obras de autores ouvintes deve ser sensível e respeitosa, levando em consideração sua diversidade e singularidade.
Inclusão de música na história de pessoas surdas:
A inclusão de música nas histórias de pessoas surdas pode ser interpretada de várias maneiras. Por um lado, pode ser vista como uma tentativa de proporcionar uma experiência sensorial mais completa aos leitores, mesmo que as personagens sejam surdas.
No entanto, é importante considerar se a inclusão da música é feita de maneira autêntica e respeitosa em relação à cultura surda. Isso significa que a música não deve ser apresentada como uma necessidade para a felicidade ou plenitude das pessoas surdas, nem deve sugerir que a surdez é uma deficiência a ser superada através da experiência musical.
Em vez disso, a música pode ser incorporada de maneira significativa, reconhecendo sua importância na cultura geral, enquanto também respeita e valoriza as formas de comunicação e expressão das pessoas surdas.
Em última análise, a representação das pessoas surdas na literatura deve ser cuidadosa, autêntica e inclusiva, reconhecendo sua diversidade e singularidade cultural. Os autores ouvintes podem contribuir para essa representação por meio da pesquisa, da sensibilidade e do diálogo com a comunidade surda.
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Re: Forum de Discussão

por Saturnina Soares de Carvalho Ferreira -
Prezados colegas,

Que aporte incrível! Como bem comentou fiquei refletindo em como poderia acrescentar algo diante de tantas colocações excelentes. Muito obrigada!
Dentro da proposta do fórum, fiquei contente de saber do Instituto Inclusivo do Silêncio em Recife voltado para o ensino da arte musical para surdos, só com este fato nota-se como há indivíduos surdos bastante musicais.
Concordo com o comentário de muitos colegas aqui, que a música feita de forma respeitosa em relação a cultura surda, ou seja, respeitando a comunicação e expressão das pessoas surdas gera uma importância cultural e desmistifica certos estereótipos criados envolvendo o surdo.
A literatura surda traduz a experiência visual, que entende a surdez como presença de algo e não como falta, é criada e apresentada por surdos ou elaborada por não surdos, mas adaptada e apresentada por pessoas surdas.Têm objetivo principal de atingir um público surdo sobre assuntos que tratam da experiência de ser surdo e muitas vezes do conhecimento da cultura surda.
De forma que a palavra "literatura" passou a incluir mais do que a palavra escrita e pode significar uma forma especial de se trabalhar criativamente com a língua em qualquer modalidade.
A aula 2 menciona belamente uma técnica chamada Visual Vernacular ou VV. A produção do Visual Vernacular (VV) na Literatura Surda do Brasil estabelece uma proposição reflexiva na qual esta deixa de ser uma mera tradução e interpretação de textos oriundos da cultura ouvinte, ao se apresentar como uma produção estética com características específicas suas composições são comparáveis a filmes mudos ou a imagens sequências. Em busca de dar avanço a pesquisas e promover a Literatura Brasileira Surda, o estudo e a produção do Visual Vernacular podem ser um caminho produtivo, ao propor um novo paradigma para a Literatura surda, em sua elaboração a partir do olhar do surdo.
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Re: Forum de Discussão

por Aline Florêncio de Almeida -
Fiquei muito feliz com os aprendizados desta Unidade Curricular e com a discussão tão produtiva deste fórum. Em minha opinião, fica claro que muitos ouvintes ainda impõem aos surdos sua forma de ser e existir no mundo, reforçando o estereótipo da falta (de audição) em detrimento de toda potencialidade visual da existência do povo surdo, de sua língua e sua cultura.
Na obra "O Silêncio de Júlia", por exemplo, temos algumas menções a elementos da cultura surda, porém a perspectiva ouvinte é muito mais presente, como podemos ver comparativamente na menção dos autores de que “Júlia não ouve o canto dos passarinhos. Ela não escuta o ronronar do gato, o ruído dos aviões, o latido dos cães ou a buzina dos carros. Júlia não ouve o batimento de seu coração (p. 7)” versus a alusão que “sob seus dedos, ela percebe seu pulsa (p. 7)”. Da mesma forma, os autores citam que “sua mãe [...] faz sinais com as mãos” (p., 13), porém o sentido se dá quando “fala, movendo os lábios nitidamente: - André vivia na cidade. Lá ele tinha amigos. Aqui, ele não conhece ninguém (p.13)”. Questiono-me por que, para conseguir fazer amizade com um ouvinte a personagem surda precisa utilizar estratégias sonoras, como o uso do tambor africano mesmo não conseguindo ouvir a música apenas sentir o pulsar do tambor em suas mãos e em sua pele. O questionamento “Será que ele tem medo daquela menina que fala com as mãos e não diz uma só palavras? (p. 17)” não é respondido, apenas diz-se que “Ele sai correndo. (p. 17)”. Para mim, desperdiça-se a oportunidade de apresentar toda a riqueza da cultura surda e da língua de sinais reduzindo a personagem surda a uma perspectiva negativa ao citar que ela “não diz uma só palavra (p. 17)” e reforçar essa visão quando indica que “Ela também gostaria de dizer bem alto: ‘- Oi, André!’, mas ela não pode fazer isso. Dessa vez quem sai correndo é Júlia, com medo de que André a veja chorar. (p. 20)”. Alguns poucos elementos demonstram uma perspectiva positiva da surdez, como a menção de que “André [...] conversa com Júlia olhando diretamente em seus olhos. Ele sabe que não adianta gritar: Júlia é surda. (p. 24)” e “Ela estuda linguagem de sinais. De vez em quando, André a acompanha. (p. 29)”. A nomenclatura equivocada pode ter sido um equívoco de tradução já que o termo “language” pode ser traduzido tanto como “língua” quanto “linguagem”. Apesar desses pequenos pontos positivos, acredito que a obra reforça mitos sobre a língua de sinais e a surdez que deveriam não só ser evitados, mas principalmente desconstruídos, como a questão de a língua de sinais ser um código secreto dos surdos, como mencionado no livro “Eles trocam sinais secretos entre si (p. 29)”. Crença e preconceito já desconstruído por Gesser (2009) em sua obra “Libras? Que língua é essa?”.
Já na obra "O silencioso mundo de Flor", a autora apaga toda a diferença e a potencialidade da cultura e da identidade surda da Personagem Flor. Invisibiliza a visualidade como forma de existência de Flor e coloca Téo (o personagem ouvinte) e sua cultura como superior à cultura de Flor (personagem surda) ao reforçar inúmeras vezes tudo que existia no mundo de Téo enquanto "o mundo de Flor era só silêncio" e indicar que "Téo ensinava Flor a escutar". De forma descontextualizada, a autora finaliza o livro com uma frase (literalmente) solta indicando que "Flor começou a ensinar Téo a ouvir o silêncio", desperdiçando a oportunidade de enaltecer a diferença e a importância da cultura, da identidade e da língua do povo surdo.
Na obra Daniel no Mundo do Silêncio, por sua vez, o autor também traz uma perspectiva diferente das duas primeiras sobre o sujeito surdo ao indicar que “Esta história mostra as dificuldades e também as alegrias de ser um garoto surdo em mundo cheio de sons.”. Apesar da perspectiva negativa da falta no contraste “ser surdo” versus “mundo cheio de sons”, o autor indica que além de dificuldades também há alegrias. Um ponto interessante que achei foi que, apesar de aqui também termos pontos negativos como os já apresentados nas obras anteriores, em que o personagem Daniel “não escuta”, “não responde”, “não entende”, etc.; a família procura uma escola para surdos em que Daniel, além as outras matérias, aprendia Libras e a família de Daniel também aprendeu Libras. Outro ponto extremamente importante é indicar que “Daniel fez amizade com muitos meninos e meninas que também eram surdos” trazendo a noção de comunidade e pertencimento. Além disso, o autor diferencia “gestos e mimicas” da “Libras” o que é muito importante para a desconstrução de crenças e preconceitos sobre a língua de sinais. E traz uma perspectiva positiva da Libras ao indicar que “Nicolau sempre achou Daniel muito esperto e inteligente. [...] Nicolau ficou feliz porque ele entendia o que o irmão falava. E ficou orgulhoso porque sabia Libras”, “Viviane pediu, falando bem devagar, para que Daniel a ensinasse a falar a língua de sinais.”, “Os colegas perceberam que aprender a falar com as mãos podia ser divertido. Pediram para Daniel ensinar outras palavras.”, “Viviane percebeu isso e disse para Daniel que ele poderia entender melhor se todos usassem a língua de sinais.”, “Além de querer aprender Libras, ela pensou que seria bom se tivesse alguém na sala para ser intérprete para o Daniel.” e “A mãe de Viviane, que era advogada, disse que é lei ter um intérprete para o surdo na escola”. Um último ponto positivo que gostaria de destacar são as possibilidades de ser e existir do sujeito surdo que o autor apresenta, tanto ao indicar que Daniel (personagem surdo) dançava muito bem por sentir as vibrações quando os próprios ouvintes não dançavam bem mesmo escutando a música, quanto ao indicar que Daniel desenhava muito bem e apontar que isso se dava “porque alguns surdos, por não ouvirem, concentram a atenção na visão” e que Daniel era bom em Matemática.

Das três obras, esta última, Daniel no Mundo do Silêncio, é a que apresenta mais elementos positivos da cultura surda. Para quem quiser usá-la, encontrei na Biblioteca Mais Diferenças interpretada em Libras: https://www.bibliotecamd.org.br/books/daniel-no-mundo-do-silencio
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Re: Forum de Discussão

por CRISTIANE DIAS SOUZA CAMPOS -
É interessante observar como autores ouvintes abordam o tema do silêncio e a experiência das pessoas surdas em suas obras. Ao escrever sobre esse tema, os autores estão, de certa forma, tentando se colocar no lugar das pessoas surdas e entender sua perspectiva e experiências.
Ao retratar pessoas surdas em suas histórias, os autores podem ver esses indivíduos de diversas maneiras. Alguns podem retratá-los como pessoas que enfrentam desafios específicos devido à sua surdez, enquanto outros podem destacar sua riqueza cultural e identidade única.
A inclusão de música na história de pessoas surdas pode ser vista de diferentes maneiras. Por um lado, pode ser uma tentativa de mostrar como a música pode ser sentida e apreciada de diferentes maneiras, mesmo por aqueles que não podem ouvi-la da maneira convencional. Além disso, pode ser uma maneira de destacar a importância da comunicação e expressão artística na vida das pessoas surdas, mesmo que isso ocorra de maneiras não tradicionais.
Minha opinião pessoal é que é louvável que autores ouvintes estejam explorando o tema da surdez em suas obras e buscando compreender melhor a perspectiva das pessoas surdas. No entanto, é importante que essas representações sejam sensíveis, precisas e respeitosas com a comunidade surda, levando em consideração suas experiências e pontos de vista únicos.
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Re: Forum de Discussão

por Domenica Araujo Teixeira -
Os autores, ao escolherem o termo "silêncio" como título de seus livros sobre pessoas surdas, podem estar tentando transmitir uma mensagem sobre a percepção equivocada que muitas vezes a sociedade tem em relação aos surdos. O silêncio é frequentemente associado à ausência de som, mas para os surdos, o silêncio pode ter um significado completamente diferente - pode ser uma parte natural de sua experiência auditiva ou pode ser representativo de uma comunicação visual e tátil.
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Re: Forum de Discussão

por JOSE JESUS RODRIGUES DA SILVA -
Antes de tecer acerca da proposta que foi sugerida, gostaria aqui de relatar o quão esse curso é significativo na minha formação docente. Essas aulas seguem me atravessando de experiências, conhecimentos, reflexões e possibilidades em minha prática pedagógica. A partir disso, costuro aqui meu comentário a respeito da proposta do fórum. Nessa abordagem, os autores ao incorporarem o silêncio e a música nas histórias de pessoas surdas sugerem uma intenção de ampliar e compreender dentro de uma visão empática, sem com isso romper com o protagonismo da comunidade surda. Desta forma notamos que os autores possuem “Lugar de fala” nesse contexto. No entanto, é condição sine qua non a “Representatividade” de pessoas surdas na literatura.
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Re: Forum de Discussão

por Sabrina Brito -
É interessante notar que autores ouvintes escreverem sobre o tema do silêncio e incluírem música nas histórias de pessoas surdas levanta questões importantes sobre a percepção que esses autores têm das pessoas surdas e sua experiência de vida.

Em primeiro lugar, os autores podem ver as pessoas surdas através de uma lente que foca no aspecto físico ou sensorial do silêncio, talvez vendo a surdez como uma ausência de som, em vez de reconhecer a riqueza e a diversidade da cultura e da experiência surda. Isso pode resultar em representações simplificadas ou estereotipadas das pessoas surdas, sem levar em conta sua identidade, sua comunidade e sua maneira única de experimentar o mundo.

Quanto à inclusão de música nas histórias de pessoas surdas, isso pode refletir uma tentativa dos autores de criar uma conexão entre os mundos sonoro e silencioso, mostrando que a música pode transcender barreiras sensoriais e ser apreciada de diferentes maneiras, mesmo por aqueles que não podem ouvi-la da mesma forma que os ouvintes. No entanto, essa abordagem também pode correr o risco de minimizar a experiência surda ao colocá-la em segundo plano em relação à experiência auditiva.

Minha opinião é que os autores ouvintes devem abordar o tema da surdez com sensibilidade e respeito, ouvindo as vozes das próprias comunidades surdas e procurando entender suas experiências de forma autêntica. Isso pode envolver a colaboração com pessoas surdas na criação de narrativas que representem suas vidas de maneira mais precisa e inclusiva, em vez de impor interpretações externas sobre o que significa ser surdo.
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Re: Forum de Discussão

por Valéria Rolim -
Também concordo. Quando autores ouvintes abordam a surdez em suas obras, a inclusão do termo "silêncio" e da música pode ser motivada por diversas razões. O "silêncio" pode ser usado como metáfora para explorar isolamento ou busca por conexão. A presença da música na história de pessoas surdas pode ampliar a compreensão sensorial, destacando aspectos vibracionais e de ritmo. Também pode desafiar estereótipos, oferecer expressão artística e contribuir para uma compreensão mais ampla da surdez. No entanto, é essencial dar voz às experiências surdas reais, permitindo uma representação autêntica e diversificada na literatura.
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Re: Forum de Discussão

por MARIA VITORIA LOUREIRO DO NASCIMENTO VIEIRA -
Os autores que escreveram sobre o termo "silêncio para surdos" provavelmente têm diferentes perspectivas sobre as pessoas surdas, e suas representações podem variar dependendo de suas próprias experiências, conhecimentos e crenças. Alguns podem ver as pessoas surdas como indivíduos que vivenciam o mundo de maneira diferente devido à falta de audição, enquanto outros podem adotar uma visão mais inclusiva e valorizar a riqueza da cultura surda e das comunidades surdas. Percebo que a representação das pessoas surdas na literatura e na arte deve ser feita com sensibilidade, respeito e autenticidade, reconhecendo a diversidade de experiências e perspectivas dentro da comunidade surda. É importante evitar estereótipos e dar voz às próprias pessoas surdas para que possam contar suas histórias de maneira genuína e significativa. Além disso, a inclusão de elementos como a música pode enriquecer a narrativa ao destacar a universalidade da expressão humana, independentemente das diferenças sensoriais.
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Re: Forum de Discussão

por Edneusa Rodrigues de sousa frança -
Os autores provavelmente veem as pessoas surdas como tendo uma experiência única de perceber o mundo através de outras formas sensoriais, como a visão e o tato. Ao abordar o tema do silêncio na música para surdos, eles podem estar explorando a ideia de como as pessoas surdas podem ainda encontrar conexão e emoção através da arte, mesmo que não estejam ouvindo da mesma forma que pessoas ouvintes.
Além disso, a inclusão da música na história de pessoas surdas pode estar destacando a importância da inclusão e da acessibilidade para todas as formas de expressão artística, mesmo para aquelas que parecem primariamente ligadas ao sentido da audição. É uma maneira de reconhecer e celebrar a diversidade de experiências e perspectivas no mundo, e de desafiar estereótipos sobre o que significa ser surdo.
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Re: Forum de Discussão

por Vanessa Regina Casali Raganhan -
O poema da surda Oliveira "Silêncio", retirado da obra de Karnopp, Klein e Lazzarin (2011).
Analise o trecho: “Mas o silêncio é cantado por um choro desesperado por querer ouvir os guizos e não há um som no ouvido a escutar uma linda canção” - uma língua que a permite ver coisas tão lindas quanto as canções.
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Re: Forum de Discussão

por Vanessa Regina Casali Raganhan -
A descrição das atividades práticas contribuiu para ampliar as discussões sobre aprendizagens músicas das crianças surdas e como elas se relacionaram com os conteúdos musicais. Verificou-se também, que a partir da criação e da utilização de materiais adaptados e de recursos pedagógicos foi possível constatar aprendizagem musicais significativas, o que evidencia a possibilidade da estruturação de elementos de ação musical direcionada para crianças surdas em contexto inclusivo.
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Re: Forum de Discussão

por ALINE DEISE DE SANTANA OLIVEIRA -
Nesses livros há uma metáfora que precisa ser interpretada para compreender a a intenção dos autores, é como se falassem nas entrelinhas, pela palavra "silencio", por exemplo. Como também a questão de musicas para surdos, pois levam a um olhar penetrante para conduzir a um questionamento que levara a ter empatia.
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Re: Forum de Discussão

por Maria Jucineide de Souza -
A abordagem de autores ouvintes sobre pessoas surdas e o uso do conceito de "silêncio" em suas obras pode ser vista de diversas perspectivas. Por vezes, os
autores ouvintes frequentemente têm uma perspectiva externa sobre a experiência surda. Isso pode resultar em interpretações que, embora bem-intencionadas, podem não captar totalmente a complexidade da vivência surda. Muitos autores podem ser guiados por estereótipos ou percepções limitadas sobre o que significa ser surdo, especialmente se não tiverem um contato íntimo com a comunidade surda. O termo "silêncio" pode ser usado metaforicamente ou poeticamente para transmitir ideias ou sentimentos que vão além da audição física. Na literatura, por exemplo, pode ser uma maneira de explorar temas como isolamento, introspecção, paz interior, entre outros. Para autores ouvintes escrevendo sobre surdos, o conceito de "silêncio" pode ser uma tentativa de capturar a experiência única de não ter acesso ao som como a maioria das pessoas ouvintes têm.
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Re: Forum de Discussão

por Valéria Rolim -
Ao abordar essa temática, os autores ouvintes já trazem consigo uma questão cultural diferenciada que é a sua experiência enquanto ouvintes. Falar da vivência surda sem vivenciar de fato o que o "silêncio" em sua plenitude representa nos chama a ter um olhar mais empático para com o outro que tem muitas questões e pontos de vista a serem explorados. Colocar fatores que aparentemente são do mundo e cultura ouvintes em um contexto surdo evidencia o quão limitada a nossa percepção é. O surdo tem a capacidade de sentir a vibração da música, assim como também consegue fazer com que o silêncio tenha muita voz, pois não depende da comunicação oral para se fazer ser compreendido. São questões aparentemente simples, mas que se analisadas sob uma perspectiva mais minuciosa, trazem a reflexão de que a palavra "silêncio" e a inserção da música na história são apenas metáforas de uma vivência que necessita e tem muito mais a ser explorada.
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Re: Forum de Discussão

por Wilson Aparecido da Silva -
Boa tarde a todos!

Com base no que foi estudado, fica evidente que os autores ouvintes parecem enxergar o "silêncio" como uma característica central da vida das pessoas surdas, o que pode refletir uma visão limitada ou estereotipada da surdez. Outro ponto que pode ser observado é o fato de colocar música nas histórias de surdos, fato este que pode significar uma tentativa de inclusão ou uma visão romântica. Entretanto, este fato pode não representar adequadamente a realidade das experiências surdas, que são mais ricas e diversas do que o silêncio ou a ausência de som. Por fim, é importante que a comunidade surda tenha espaço para contar suas próprias histórias, refletindo sua cultura e perspectiva.
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Re: Forum de Discussão

por Marcus Yuri Brito Duarte -
Título: A Representação do Silêncio na Literatura para Surdos

A literatura é uma poderosa ferramenta de inclusão que pode, de certa forma, expandir a compreensão das experiências humanas. No contexto da aula em que apresentamos os livros "O Silêncio de Júlia", de Pierre Coran e Melanie Florian; "O Silencioso Mundo de Flor", de Cecília França; e "Daniel no Mundo do Silêncio", de Walcyr Carrasco, torna-se evidente um tema comum: o conceito de silêncio, especialmente em relação às pessoas surdas. A escolha dos autores em abordar essa temática suscita questionamentos sobre como eles percebem e representam essa comunidade.

Os três livros discutidos tratam do silêncio não apenas como uma ausência de som, mas como uma condição que também pode ser permeada por nuances e experiências ricas. No entanto, a questão que se impõe é: como os autores ouvintes veem as pessoas surdas? Através das narrativas, é possível identificar uma tendência a humanizar os personagens surdos, apresentando suas vivências e sentimentos. Contudo, a perspectiva de autores ouvintes pode limitar a compreensão da realidade surda, muitas vezes refletindo estigmas e visões externas que não capturam a complexidade dessa experiência.

A inclusão de música nas histórias, apesar de aparentemente contraditória, revela-se uma tentativa de conectar universos distintos. A música, mesmo sem som, pode ser percebida através de vibrações e outros sentidos, e a representação dessa arte sugere que a vida dos surdos não se resume ao silêncio, mas é repleta de outras formas de expressão e comunicação. Essa escolha também pode ser vista como um desejo de destacar a universalidade da arte, reforçando que todos, independentemente da capacidade auditiva, têm o direito de apreciar e se expressar artisticamente.

Em minha opinião, é fundamental que a literatura sobre o universo surdo seja escrita, predominantemente, por autores surdos, pois eles detêm uma compreensão intrínseca de sua realidade. A visão externa pode contribuir, mas não deve ser a principal narrativa. A literatura deve ser um espaço de vozes autênticas, que não apenas represente, mas que permita que os surdos se vejam refletidos em suas histórias, garantindo a verdadeira inclusão e ampliando a discussão sobre o que é ser surdo em um mundo que muitas vezes se silencia diante da diversidade.
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Re: Forum de Discussão

por Andreia de Lourdes Ribeiro Pinheiro -
Os livros apresentados refletem a visão dos autores sobre a experiência das pessoas surdas, mesmo sendo eles ouvintes. A utilização do termo "silêncio" nos títulos sugere uma perspectiva que pode, de alguma forma, limitar a compreensão da experiência surda a uma ausência de algo. Essa visão muitas vezes enfatiza o que está perdido ou ausente, em vez de explorar as ricas formas de comunicação e expressão que existem dentro da cultura surda, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a música adaptada.
Quando esses autores incorporam uma música em suas histórias sobre surdos, isso pode ser interpretado de várias maneiras. Uma possibilidade é que eles busquem mostrar a universalidade da música como uma forma de arte que transcende a audição. A música pode evocar emoções e criar conexões que vão além do som, e a inclusão de música nas narrativas pode sugerir que, mesmo que as pessoas surdas não a ouçam da mesma forma que os ouvintes, elas ainda podem apreciá-la através de outras experiências sensoriais , como a vibração ou o movimento.
No entanto, é importante considerar que essa abordagem pode, por outro lado, simplificar a complexidade da vida das pessoas surdas, ignorando suas próprias vozes e experiências. É fundamental que uma narrativa sobre a surdez seja contada também por surdos, permitindo que suas perspectivas e realidades sejam representadas de maneira mais autêntica e completa.
Na minha opinião, é essencial que os autores ouvintes tenham sensibilidade ao abordar o tema da surdez. Embora suas histórias possam servir como uma introdução ao mundo surdo para ouvintes, elas devem ser complementadas por narrativas que realmente capturem a essência da cultura surda. A inclusão de surdos em processos criativos e a valorização de suas vozes é crucial para garantir uma representação mais precisa e rica da diversidade humana.