Princípios da Aprendizagem Cooperativa

2. Interação Promotora

             Na interação promotora, campo fértil para o exercício da cooperação, os indivíduos encorajam e facilitam os esforços uns dos outros para completar as tarefas a fim de atingir os objetivos do grupo.

             Ela se torna mais evidente na medida em que os membros do grupo atuam de forma a fornecer ajuda, assistência e feedback entre si, desafiarem-se uns aos outros com relação aos diversos raciocínios e conclusões, além de promoverem a troca de recursos como informações e materiais visando à promoção de maiores insights e melhores decisões sobre as questões tratadas. Outros aspectos bastante característicos da interação promotora referem-se ao ambiente de confiabilidade criado no grupo de forma a estabelecer um terreno favorável para influenciar os esforços dos demais e ensejar motivação para superar limites no alcance de objetivos comuns.

             O processo interativo é o grande responsável pela produtividade e desenvolvimento de uma organização, para isso é imprescritível o conhecimento interpessoal da equipe. Assim é possível desenvolver empiricamente uma previsão sobre as reações dos outros frente a certas situações e já certa habilidade para lidar com as formas previsíveis de atuação de diferentes pessoas. Entretanto, as pessoas nem sempre fazem ou dizem o que é esperado, deixando os outros surpresos e confusos com algumas de suas respostas ou atos insólitos.

             O problema é que poucos têm essa sensibilidade de conhecer o outro, se tratam como a máquinas, e isso muitas vezes proporcionam reações indesejadas e põem em risco o equilíbrio da equipe. Incontestavelmente, os seres humanos não funcionam à feição de máquinas isoladas dispostas lado a lado.

             Tem-se que as interações humanas acontecem em dois níveis distintos, mas que interdependem entre si: o da tarefa e o socioemocional. O nível da tarefa é aquele observado na atividade que o grupo deve desenvolver no cotidiano, das atividades visíveis, observáveis, acordadas, tanto nos grupos formais de trabalho quanto nos grupos informais. Já o nível socioemocional é relacionado às sensações e emoções já existentes ou geradas na convivência do grupo.

             Esses dois níveis de interações dependem, pois é fato que quando no nível socioemocional existem sentimentos e emoções positivas de reciprocidade, o nível da tarefa é facilitado no sentido de maior canalização de energia para atividades concretas, produtivas e satisfatórias contribuindo para a manutenção, crescimento, amadurecimento e consolidação do grupo. Se, todavia, o clima emocional evoluir negativamente em função de sentimentos de antagonismo entre os participantes, gera desagrado, antipatia, hostilidade, aversão, agressividade, e há uma influência também na qualidade da tarefa exercida pelos participantes, ou seja, na produtividade e satisfação de cada participante.

             Dentre essas interações, destaca-se o grupo, que adquire aspectos segundo as individualidades de seus participantes, mas também conforme a configuração única que adquire, pois essa transição do individual para o coletivo ainda não foi completamente elucidada pela ciência. É enganoso supor que o comportamento humano individual sirva de base para se extrapolarem conhecimentos e conclusões sobre a atuação de grupo. As pessoas em grupo agem de forma diferente da que adotam quando estão sós. O grupo assume uma configuração própria que influi nos sentimentos e ações de cada um. O grupo é uma gestalt dinâmica – é um ‘todo’ que dá significado às partes e não pode ser confundido com partes em justaposição.

             Fazendo uma analogia simples, um cubo mágico é mais do que a interposição de inúmeros quadrados menores de seis cores diferentes, mas ele é algo único, adquirindo um sentido próprio maior do que as partes que o compõe. Nesse aspecto, as forças dominantes e norteadores do grupo (nível de tarefa e nível socioemocional) exercem entre si uma influência recíproca que é imprescindível para as relações interpessoais e grupais, e consequentemente, na perpetuação e consolidação do grupo. O que se passa no nível socioemocional do grupo independe da inteligência, competência e qualificação técnica de seus membros. Não obstante, é de vital importância para a consecução dos objetivos e obtenção de resultados com qualidade.

             Um exemplo típico de grupo são os discentes, em que se percebe a contribuição interpessoal e individual criada a partir de boas interações em ambientes educacionais. Tanto crianças que aprendem valores e repetições de comportamento como em adolescentes, que podem aprender os significados de parceria, intolerância e afetividade. A partir disso é possível perceber como gerir boas práticas para alimentar essas trocas de formas saudáveis.